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‘Linhas vermelhas' determinam pontos de divergências entre lideranças na Pré-COP30

© Sputnik / José Cruz / Agência BrasilA ministra do Meio Ambiente brasileira, Marina Silva.
A ministra do Meio Ambiente brasileira, Marina Silva.  - Sputnik Brasil, 1920, 14.10.2025
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A menos de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), representantes do governo brasileiro apresentaram, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (14), as principais linhas de atuação do país nas negociações climáticas.
Participaram da coletiva de imprensa a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, e o embaixador André Corrêa do Lago, que atua como negociador-chefe do Brasil no processo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC, Convenção do Clima ou UNFCCC, na sigla em inglês) e presidente da COP30 no Brasil.
As falas indicam que o Brasil pretende concentrar seus esforços em três frentes: implementação dos compromissos assumidos, avanço nas ações de adaptação às mudanças do clima e novos mecanismos de financiamento. Os representantes do governo reconheceram que ainda há divergências entre países e que o consenso completo é incerto.

Estabelecida em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), a UNFCCC é um instrumento jurídico que visa combater as mudanças climáticas por meio da cooperação entre os países.

Os signatários da Convenção do Clima se reúnem anualmente na Conferência das Partes (COP), principal fórum de negociação internacional sobre o clima.

Na Rio-92, também foram adotadas outras convenções importantes, como a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que igualmente realiza suas próprias COPs.

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Financiamento climático e valorização da natureza

A ministra Marina Silva destacou que as discussões internacionais têm incluído de forma mais direta temas relacionados ao oceano e à proteção da biodiversidade. Segundo ela, o Brasil está propondo mecanismos que associam investimento e preservação ambiental, como a proposta de criação do TRF (Transição Justa e Financiamento Climático).
Marina mencionou também propostas de outros países, como a da Colômbia, que trata da troca de dívida por ações ambientais. De acordo com a ministra, a abordagem brasileira considera que diferentes países devem contribuir segundo suas condições e capacidades.
"Isso não é uma corrente. Cada um pode fazer um esforço nos bolsos de financiamento que são necessários", avalia a ministra.
Ela afirmou ainda que os eventos climáticos extremos já exigem que se aja local e globalmente, necessitando respostas conjuntas. A mudança do clima não tem fronteiras, acrescentou.

Implementação com base em dados

Segundo a ministra, o Brasil já apresenta indicadores que podem ser utilizados como referência de implementação dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, na COP21. Ela citou a redução das queimadas em diferentes biomas no ano de 2025: 90% no Pantanal e na Amazônia; 88% no Cerrado e 71% em nível nacional
Esses dados são sinais de que o país está aplicando as decisões já firmadas nos fóruns internacionais. "Vamos implementar o que foi decidido. E, para isso, é preciso estabelecer indicadores", pontuou.

Adaptação climática como prioridade

A CEO da COP30, Ana Toni, afirmou que há convergência entre os países sobre a necessidade de tratar a adaptação de forma mais estruturada. Segundo ela, esse tema deve ocupar um lugar central nas negociações da COP30.

"Houve consenso de que a adaptação precisa ser tratada com mais robustez, sem competir com a mitigação, mas com a mesma relevância", avaliou.

Toni também mencionou que houve discussão sobre a criação de novos instrumentos econômicos voltados à valorização da natureza, além de propostas voltadas ao financiamento para adaptação. Segundo ela, países concordam sobre a importância do tema, mas divergem quanto aos caminhos e formatos.
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Divergências, 'linhas vermelhas' e espaço para acordos parciais

Questionado pela Sputnik Brasil, o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil, respondeu quais os principais dissensos que ainda permanecem antes do início da COP.
"As COPs têm essa dinâmica de suspense. Conseguimos alguns pré-consensos, mas muita coisa ainda está em aberto. Os países estão divididos internamente e cada subgrupo tem suas linhas vermelhas — os limites que não aceitam ultrapassar", salientou.
Corrêa do Lago explicou que, ao contrário dos primeiros anos do processo climático, os países hoje atuam de forma mais fragmentada, com subgrupos específicos. O Brasil realizou reuniões com blocos como o AOSIS (pequenos Estados-ilha), o grupo Guataxu (que inclui Austrália, Japão e Canadá) e a União Europeia.
"Eles [países] foram muito claros nos limites do que podem ou não aceitar. Esse mapeamento é útil para entender o espaço de negociação", pontuou.
O embaixador destacou ainda que, no caso da implementação, não há necessidade de consenso formal.
"A implementação é um exercício de cooperação. Podemos construir grupos de países dispostos a adotar certos caminhos, sem necessidade de unanimidade", arrematou.
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