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Análise: Brasil e China ampliam cooperação com foco em setores estratégicos e soberania financeira

© Foto / Divulgação / Ricardo StuckertOs presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping, durante cerimônia oficial de recepção na China, em 14 de abril de 2023
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping, durante cerimônia oficial de recepção na China, em 14 de abril de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 15.10.2025
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A intensificação das relações econômicas e diplomáticas entre Brasil e China tem se traduzido em novos instrumentos de cooperação bilateral.
Um dos principais exemplos é a criação de um fundo entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco de Exportação e Importação da China (Cexim, no acrônimo em inglês), voltado para o financiamento de projetos em áreas estratégicas, como transição energética, economia digital e desenvolvimento sustentável.
O aprofundamento da parceria bilateral ocorre no contexto do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A visita oficial de Lula à China em março de 2023, ao lado de ministros e empresários, e a recepção pelo presidente Xi Jinping marcaram uma nova fase na relação entre os países. De lá para cá, essa parceria só tem se fortalecido, e ganhou um novo impulso com o afastamento dos Estados Unidos de Brasília e Pequim, motivado por disputas comerciais.
Segundo Maria Raquel Nunes Serrão, doutoranda em economia política internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse movimento fortalece a autonomia financeira do Brasil.
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"Parcerias para investimentos entre Brasil e China têm fortalecido laços econômicos e financeiros bilaterais, promovendo uma independência maior do Brasil em relação a acordos com instituições financeiras internacionais como o FMI [Fundo Monetário Internacional]", afirmou.
Serrão também avalia que a aproximação sino-brasileira tem caráter estratégico e duradouro.

"O fortalecimento das relações entre Brasil e China visa a um 'jogo de ganha-ganha', um desenvolvimento conjunto, benéfico para ambos os países, que abrigue interesses de cada lado. Para o Brasil, essa parceria é uma fonte alternativa de cooperação e financiamento que reduz a necessidade de recorrer a empréstimos e ajustes condicionados por organismos multilaterais, como o FMI."

Para Gustavo Alejandro Cardozo, pesquisador sênior do Observa China e coordenador do Núcleo de Trabalho China-América Latina, o fundo bilateral representa uma oportunidade de fortalecer a indústria nacional e qualificar a mão de obra local.
"O fundo bilateral representa uma grande oportunidade para o Brasil investir em setores estratégicos com apoio externo, mas sob gestão nacional. Ao financiar projetos de transição energética, economia digital e desenvolvimento sustentável, é possível criar programas de formação para profissionais brasileiros, fortalecendo a mão de obra local", disse.

"Essas linhas de crédito podem ajudar a consolidar clusters nacionais mais competitivos e autônomos", acrescentou Cardozo.

O pesquisador destaca que a iniciativa está alinhada com os objetivos do Nova Indústria Brasil (NIB), plano lançado pelo governo federal. "O plano Nova Indústria Brasil, ao buscar modernizar setores industriais-chave, bem como promover a inovação e a sustentabilidade, está alinhado com essa iniciativa." Segundo ele, o fundo pode contribuir diretamente para "a digitalização da indústria, a adoção de tecnologias de baixo carbono e o aumento da competitividade global das indústrias locais".
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Cardozo também observa que esse tipo de parceria amplia a margem de decisão do Estado brasileiro sobre seus investimentos.
"Esse tipo de parceria permite que o Brasil tenha mais autonomia na gestão de investimentos estratégicos. Ao contrário dos acordos com o FMI, que geralmente vêm acompanhados de condições macroeconômicas rígidas, esses fundos bilaterais oferecem maior flexibilidade e controle sobre a forma como os recursos são alocados", arrematou.
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