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Análise: sanção dos EUA a petrolíferas da Rússia mira vantagem econômica, e não auxílio a Kiev

© Sputnik / Aleksei Nikolskiy / Acessar o banco de imagensO presidente russo, Vladimir Putin, durante visita à refinaria de petróleo Tuapse, da Rosneft, em 11 de outubro de 2013
O presidente russo, Vladimir Putin, durante visita à refinaria de petróleo Tuapse, da Rosneft, em 11 de outubro de 2013 - Sputnik Brasil, 1920, 23.10.2025
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Em entrevista à Sputnik Brasil, analista declarou que Washington consegue ganhos financeiros com o ataque à indústria de petróleo russa, enquanto demonstra apoio à Ucrânia sem o envio de mísseis Tomahawk ao Leste Europeu.
Os Estados Unidos anunciaram, na última quarta-feira (22), que vão sancionar as empresas russas Lukoil e Rosneft, em uma resposta à suposta falta de comprometimento da Rússia na resolução do conflito com a Ucrânia. As duas gigantes da indústria do petróleo são as principais empresas russas do setor.

"Se você ler as sanções e analisá-las, verá que são bastante pesadas. […] Portanto é uma pressão total, com certeza, e esperamos que essas sanções causem danos. Como o secretário do Tesouro [Scott Bessent] disse ontem [22], esse é apenas o primeiro passo", declarou Karoline Leavitt a jornalistas na última quinta-feira (23).

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que as sanções impostas pelos Estados Unidos são "atos hostis" que tentam pressionar a Rússia, mas não afetam de forma significativa a economia do país. O líder destacou que as medidas têm um componente político claro e não fortalecem as relações internacionais.
"Trata-se, claro, de uma tentativa de exercer pressão sobre a Rússia, mas nenhum país que se respeite, nenhum povo que se respeite, jamais toma decisões sob pressão. E, sem dúvida, a Rússia tem o privilégio de se considerar entre os países e povos que se respeitam."
Em entrevista à Sputnik Brasil, Nathana Garcez Portugal, doutora em relações internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas, explica que essa sanção estava implicitamente anunciada após o encontro desta semana entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Vladimir Zelensky.

"Entendo que essa é uma sanção que já estava mais ou menos anunciada, principalmente depois do encontro entre Trump e Zelensky, no qual Zelensky pediu mais sanções, fez esse tipo de pressão. E, pelo tom do que foi divulgado da conversa entre os dois, me parece que já era mais ou menos previsível que isso fosse anunciado."

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A especialista enxerga na sanção uma clara tentativa norte-americana de construir uma vantagem econômica sobre uma das maiores indústrias petrolíferas do mundo, a Rússia. Com essa jogada financeira, Washington consegue pressionar clientes de Moscou, além de demonstrar apoio a Kiev sem enviar os desejados mísseis Tomahawk.

"Por um lado, os Estados Unidos tentam fazer um aceno à Ucrânia, claro, visando sempre estrategicamente a um ganho econômico para os Estados Unidos; ao mesmo tempo, eles fecham uma possibilidade de apoio mais material, digamos assim, com o envio de mísseis para bombardeios ucranianos em solo russo."

Para Garcez, os possíveis impactos econômicos das sanções à Rússia vão depender inteiramente da obediência ou não dos clientes do petróleo de Moscou. Na lista estão nações como China e Índia, que vivem um imbróglio comercial com os Estados Unidos desde o início do tarifaço de Trump.
Quanto à União Europeia, que também anunciou uma nova rodada de sanções, que incluem até a proibição da exportação de vasos sanitários para a Rússia, a especialista enxerga muito mais questões simbólicas do que econômicas.

"A União Europeia está mais nessa situação, de que existe até uma pressão por parte do seu maior parceiro, os Estados Unidos, pela adesão do bloco [às sanções], e, com isso, [o que tenta se passar é] uma mostra de força e coesão, tanto da União Europeia quanto dos Estados Unidos, em torno desses valores liberais."

Sanções reforçam russofobia europeia

O analista internacional e professor de geopolítica do Laboratório de Pesquisa em Relações Internacionais das Faculdades de Campinas (Facamp) James Onnig destaca que as sanções impostas pela União Europeia também têm caráter russofóbico. Na opinião do especialista, é necessário para a parte ocidental do continente manter esse discurso efervescente em detrimento de direitos sociais, visando ao aumento de gastos militares.

"As medidas da União Europeia também têm uma camada geopolítica diferente, de manter o discurso russofóbico vivo dentro da Europa. Esse discurso russofóbico é muito importante para validar as futuras políticas dos governos liberais da Europa, que, com o déficit orçamentário e a necessidade de cortes nas estruturas orçamentárias, esses cortes devem atingir principalmente a área social."

Para Onnig, a posição russa diante da crise na Ucrânia é muito clara: negocia-se, porém com exigências. O especialista destaca que "o governo com que os russos tinham negociado tudo é o governo antes de 2014".

"Os governos que vêm depois dos protestos que derrubaram o governo ucraniano em 2014, muitos desses protestos instigados pelos países europeus, instigados pela União Europeia, por senadores estadunidenses, gerando esse golpe, não foram mais reconhecidos por Moscou, gerando essa escalada entre eles."

Assim como Garcez Portugal, Onnig acredita que essas sanções contra o petróleo russo só devem surtir efeito se China e Índia acatarem o bloqueio comercial, entendendo também que esse cenário é muito difícil, inclusive para estabelecer um diálogo com o Kremlin.

"A Rússia não vai, do dia para a noite, se render e falar: 'Não, não apliquem sanções, que a gente discute'."

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