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A 9 mil km de distância, Rússia é mais importante para Venezuela que Brasil, avalia analista
A 9 mil km de distância, Rússia é mais importante para Venezuela que Brasil, avalia analista
Sputnik Brasil
Em entrevista ao Mundioka, o professor e jornalista Rennan Rebello revela que as décadas de parceria entre Moscou e Caracas vão além da economia e mostram uma... 04.11.2025, Sputnik Brasil
2025-11-04T18:48-0300
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Rússia e Venezuela constroem, ao longo das últimas três décadas, uma das relações bilaterais mais bem-sucedidas do mundo. Mesmo nos momentos econômicos difíceis de Caracas, catalisados pelos embargos econômicos dos Estados Unidos, Moscou não deixou de investir no país, com empresas de diferentes setores, do petrolífero ao automotivo.Em 2025, a relação entre as duas nações chegou a um novo patamar, com a assinatura da Parceria de Cooperação Estratégica Rússia-Venezuela. Pelos próximos dez anos, os países vão trabalhar juntos em diversas áreas: comércio, defesa, energia, esporte e cultura, entre outros.Enquanto Moscou se aproxima cada vez mais de Caracas, apesar dos 9 mil quilômetros que afastam as duas capitais, a vizinha Brasília parece estar distante. Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o jornalista e professor de geografia Rennan Rebello enfatizou a relação política estreita entre Vladimir Putin e Nicolás Maduro em comparação com o que poderiam ser os laços do líder venezuelano com Luiz Inácio Lula da Silva durante o terceiro mandato do petista.Rebello, que também comanda o canal Rússia em Português, explica que nem sempre Rússia e Venezuela foram próximas e que esse fato se deu pela forte presença e dominação dos Estados Unidos na América Latina, na segunda parte do século XX em especial.Os caminhos de Caracas e Moscou começaram a se cruzar em 1999, quando o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assume o poder e passa a fazer acenos ao Kremlin. Até aquele momento, a história democrática do país era dividida entre três partidos das elites nacionais, inclinadas a Washington.No fim da década de 1990, a sociedade venezuelana era marcada pela desigualdade social. Apesar da abundância de petróleo que o país possuía — e ainda possui, uma vez que detém as maiores reservas de hidrocarbonetos não exploradas do mundo —, tamanha riqueza não refletia o dia a dia da população.De acordo com Rebello, a postura de Chávez incomodou os Estados Unidos, que, a partir de 2006, sob comando de George W. Bush, impõe inúmeras sanções à Venezuela visando estrangular a economia local. A ação do republicano também impediu que Caracas adquirisse armas de Washington, conduzindo o país latino-americano para os braços de Moscou.Ao mesmo tempo que a Venezuela precisava de um fornecedor de armas, a Rússia implementava a doutrina Primakov, elaborada por Evgeny Primakov, que buscava um mundo multipolar. O especialista ressalta que a posição venezuelana — geograficamente na América do Sul e com acesso ao Caribe — é uma abertura perfeita de portas para os russos no continente.Apesar de a aproximação russo-venezuelana ter sido iniciada por questões comerciais, e de admitir que nas relações internacionais não existem amizades, mas sim interesses, Rebello acredita que a relação entre esses dois países pode ser diferente.De parceria em geolocalização ao Conselho de Segurança da ONUA cooperação russa com a Venezuela acontece em diferentes níveis: ela parte das mesas de discussão global, como no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), onde, ao lado da China, veta resoluções propostas pelos Estados Unidos contra Caracas; e vai até suporte de geolocalização, com o sistema russo Glonass.Rebello também dá destaque às trocas de informações dos serviços de inteligência de Moscou e Caracas. Ações como essa impediram, por exemplo, o assassinato de Maduro, em 2019, quando mercenários norte-americanos tentaram se infiltrar na Venezuela para matar o presidente. As tentativas de caçar o mandatário venezuelano, por outro lado, continuam ativas.Apesar de dinheiro não ser tudo nessa relação, as transações comerciais entre Rússia e Venezuela cresceram 64% em 2024, gerando cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,55 bilhões). Rebello explica que a Rússia vende produtos mais baratos à Venezuela, enquanto mantém petroleiras nacionais, como a Rosneft, trabalhando ao lado da PDVSA, a estatal venezuelana do setor.A relação estreita, segundo o especialista, não deve ser desfeita nem se a oposição, de direita, assumir o lugar de Maduro, uma vez que os acordos estabelecidos pelos dois países estão bem costurados.Para Rebello, o Nobel da Paz ser entregue para María Corina Machado, opositora de Maduro e aliada dos Estados Unidos, mostra que as batalhas de Caracas vão muito além de uma rixa continental com Washington.
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A 9 mil km de distância, Rússia é mais importante para Venezuela que Brasil, avalia analista
18:48 04.11.2025 (atualizado: 18:43 05.11.2025) Especiais
Em entrevista ao Mundioka, o professor e jornalista Rennan Rebello revela que as décadas de parceria entre Moscou e Caracas vão além da economia e mostram uma afinidade em valores e objetivos.
Rússia e Venezuela constroem, ao longo das últimas três décadas,
uma das relações bilaterais mais bem-sucedidas do mundo. Mesmo nos momentos econômicos difíceis de Caracas,
catalisados pelos embargos econômicos dos
Estados Unidos, Moscou não deixou de investir no país, com empresas de diferentes setores, do petrolífero ao automotivo.
Em 2025, a relação entre as duas nações
chegou a um novo patamar, com a assinatura da
Parceria de Cooperação Estratégica Rússia-Venezuela. Pelos próximos dez anos, os países vão trabalhar juntos em diversas áreas: comércio, defesa, energia, esporte e cultura, entre outros.
Enquanto Moscou se aproxima cada vez mais de Caracas, apesar dos 9 mil quilômetros que afastam as duas capitais, a vizinha Brasília parece estar distante. Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, o jornalista e professor de geografia Rennan Rebello enfatizou a relação política estreita entre Vladimir Putin e Nicolás Maduro em comparação com o que poderiam ser os laços do líder venezuelano com Luiz Inácio Lula da Silva durante o terceiro mandato do petista.
"Você parou para pensar que a Venezuela está a 9 mil quilômetros de distância da Rússia e ela tem mais contato político com a Rússia do que com seus vizinhos sul-americanos? […] Luiz Javier Ruiz, cientista político da Venezuela, disse que, hoje, China e Rússia são mais importantes para a Venezuela do que o Brasil."
Rebello, que também comanda o
canal Rússia em Português, explica que nem sempre Rússia e Venezuela foram próximas e que esse fato se deu pela
forte presença e dominação dos Estados Unidos na América Latina, na segunda parte do século XX em especial.
Os caminhos de Caracas e Moscou começaram a se cruzar em 1999, quando o então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assume o poder e passa a fazer acenos ao Kremlin. Até aquele momento, a história democrática do país era dividida entre três partidos das elites nacionais, inclinadas a Washington.
No fim da década de 1990, a sociedade venezuelana era marcada pela desigualdade social. Apesar da abundância de petróleo que o país possuía — e ainda possui, uma vez que detém as maiores reservas de hidrocarbonetos não exploradas do mundo —, tamanha riqueza não refletia o dia a dia da população.
"Em 1999, a primeira coisa que Chávez faz é o que ele vinha prometendo desde os anos 1980, que a República da Venezuela precisava ser refundada. Então ele convoca uma assembleia constituinte, ou seja, recria a Constituição. Foi a primeira coisa que ele fez. A partir dali tem as mudanças."
De acordo com Rebello, a postura de Chávez incomodou os Estados Unidos, que, a partir de 2006, sob comando de George W. Bush, impõe inúmeras sanções à Venezuela visando estrangular a economia local. A ação do republicano também impediu que Caracas adquirisse armas de Washington, conduzindo o país latino-americano para os braços de Moscou.
"Chávez, como militar, sabe que tem que armar suas forças, tem que ter bons equipamentos. E, além dos Estados Unidos, quem produz muito armamento bélico é a Rússia."
Ao mesmo tempo que a Venezuela precisava de um fornecedor de armas, a Rússia implementava a doutrina Primakov, elaborada por Evgeny Primakov, que buscava um mundo multipolar. O especialista ressalta que a posição venezuelana — geograficamente na América do Sul e com acesso ao Caribe — é uma abertura perfeita de portas para os russos no continente.
Apesar de a aproximação russo-venezuelana ter sido iniciada por questões comerciais, e de admitir que nas relações internacionais não existem amizades, mas sim interesses, Rebello acredita que a relação entre esses dois países pode ser diferente.
"Vejo a Rússia com laços fortes [com a Venezuela], que vão além do dinheiro."
De parceria em geolocalização ao Conselho de Segurança da ONU
A cooperação russa com a Venezuela acontece em diferentes níveis: ela parte das mesas de discussão global, como no
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), onde, ao lado da China, veta resoluções propostas pelos Estados Unidos contra Caracas; e vai até suporte de geolocalização, com o
sistema russo Glonass.Rebello também dá destaque às trocas de informações dos serviços de inteligência de Moscou e Caracas. Ações como essa impediram, por exemplo, o assassinato de Maduro, em 2019, quando mercenários norte-americanos tentaram se infiltrar na Venezuela para matar o presidente. As tentativas de caçar o mandatário venezuelano, por outro lado, continuam ativas.
"Os Estados Unidos vêm atentando contra a vida do Nicolás Maduro, inclusive divulgando aqueles cartazes de procurado, oferecendo recompensas milionárias para estimular uma caça ao Nicolás Maduro, que infelizmente tem que viver cercado de seguranças."
Apesar de dinheiro não ser tudo nessa relação, as transações comerciais entre Rússia e Venezuela cresceram 64% em 2024, gerando cerca de US$ 1,2 bilhão (R$ 6,55 bilhões). Rebello explica que a Rússia vende produtos mais baratos à Venezuela, enquanto mantém petroleiras nacionais, como a Rosneft, trabalhando ao lado da PDVSA, a estatal venezuelana do setor.
A relação estreita, segundo o especialista, não deve ser desfeita nem se a oposição, de direita, assumir o lugar de Maduro, uma vez que os acordos estabelecidos pelos dois países estão bem costurados.
"Pelos tratados assinados, é difícil você acabar com todos. São tratados tão estratégicos que o país acaba dependendo daquilo. Não é uma varinha mágica, pronto, acabou. A gente vê que na própria geopolítica tem essas contradições: você vê que o gás russo ainda é importante para os europeus, mas a oratória para o público externo qual é?"
Para Rebello, o Nobel da Paz ser entregue para María Corina Machado, opositora de Maduro e aliada dos Estados Unidos, mostra que as batalhas de Caracas vão muito além de uma rixa continental com Washington.
"O que acontece, na verdade, é uma grande guerra psicológica contra a Venezuela, de conquistar corações e mentes."
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