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Coreia do Norte não se arma para atacar ninguém: brasileiros contam o que viram em visita a Pyongyang

© Sputnik / Ekaterina Shtukina / Acessar o banco de imagensParticipantes das celebrações em homenagem aos 80 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia. Pyongyang, RPDC, 10 de outubro de 2025
Participantes das celebrações em homenagem aos 80 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia. Pyongyang, RPDC, 10 de outubro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 13.11.2025
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No último mês, a República Popular Democrática da Coreia comemorou os 80 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC), momento crucial para a consolidação da independência do país e a vitória sobre os japoneses aliados dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante o evento, que demonstrou a potência militar e social do país, que resiste fortemente às sanções ocidentais há décadas, autoridades, especialistas e representantes de partidos políticos de países como China, Rússia e Brasil marcaram presença em Pyongyang.
E o podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, conversou com dois brasileiros que foram convidados para as festividades: Lucas Rubio, especialista em RPDC e presidente do Instituto Paektu; e o analista internacional, historiador e um dos organizadores do livro "O caminho da vitória, de Moscou a Berlim", João Cláudio Pitillo.
Rubio, que participa das comemorações de fundação do PTC desde 2018, lembra que os norte-coreanos são receosos diante dos traumas que estrangeiros causaram ao país ao longo da história. Porém, neste ano, revelou que pôde observar mais de perto a reação das pessoas durante o desfile militar, que, segundo ele, demonstravam "enorme sinergia" com um projeto de nação que "abraça todas as classes sociais".

"Neste ano, eu senti um grau de confiança muito grande deles. A gente teve a possibilidade de fotografar o desfile, os mísseis nucleares, o líder, o discurso, a festa. Foi, assim, muito mais tranquilo. E eu senti uma experiência muito mais próxima da realidade dos coreanos", contou.

Além disso, o especialista afirma que, mesmo diante de sanções econômicas severas, perseguição e diversos "inimigos" ao redor do mundo, a República Popular Democrática da Coreia tem um projeto nacional de país que avança nas mais diversas áreas. "Dá uma grande decepção reparar o potencial que o Brasil tem de realizar um projeto desse, às vezes com muito mais facilidade do que os norte-coreanos, que passam por vários problemas materiais que fogem do controle deles, por conta dos bloqueios, das limitações geográficas", compara.
Rubio citou como exemplo a política pública lançada na península que prevê o desenvolvimento de 20 regiões do interior do país em dez anos, chamada 20 por 10. O objetivo: igualar o nível técnico, social e econômico ao da capital norte-coreana. "Ficou muito claro que os coreanos, diferentemente do que o pessoal geralmente acha, têm muita noção da realidade e dos problemas locais deles. E também falam abertamente sobre isso", enfatiza.
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'Coreia do Norte não se arma para atacar ninguém'

Já o analista internacional João Cláudio Pitillo, que também participou das comemorações, destaca que, diferentemente do que é propagado pelas potências ocidentais, a RPDC não se arma para atacar nenhum país, mas para se defender. Aliado a isso, Pitillo vê a sintonia da população com o próprio governo e as Forças Armadas.

"No desfile, nós vimos mísseis nucleares. Acabou o desfile, você não consegue ver uma arma na mão de ninguém. A polícia não usa arma. Então você vê o grau de estabilidade e desenvolvimento dessa sociedade, e que fora daquele evento ninguém está armado", acrescenta.

Caso não fossem tantas sanções que dificultam importações e exportações, além do desenvolvimento tecnológico, Pitillo acredita que o país seria um dos mais avançados do mundo atualmente.
"O Lula já falou uma vez que Cuba seria uma Suíça se não tivesse sanções, e eu acredito que a Coreia do Norte seria também a Suíça da Ásia. Eu estive em Cuba, Belarus, na Coreia, e você vê o poder do socialismo. Só que o bloqueio é mais sangrento contra Cuba, por ser uma ilha. A Coreia, por ter fronteiras com Rússia, China, e estar perto do Vietnã, consegue um trânsito de mercadoria por um preço menor que Cuba, que precisa de navios para levar isso", disse.
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Dias após assumir o cargo de primeira-ministra no Japão e prometer uma relação ainda mais próxima do país com o governo do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, Sanae Takaichi declarou que o líder norte-americano havia garantido que "desnuclearizaria a Coreia do Norte". Lucas Rubio lembrou que essa retórica é antiga e sempre retomada pela Casa Branca.
"No começo dos anos 2000, a Coreia estava desenvolvendo seu programa nuclear, e ela ainda não tinha bomba atômica, enquanto os EUA diziam que eles nunca teriam a tecnologia. Em 2006, os norte-coreanos testaram sua própria bomba atômica. O próprio Donald Trump já foi alvo da própria armadilha que montou para si mesmo. Em 2017, ele falou que só por cima do cadáver dele que os norte-coreanos teriam mísseis balísticos capazes de chegar aos Estados Unidos, mas em 4 de julho de 2017 testaram um míssil que chegava em todo o território nacional", contou.
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Para o especialista, essa é mais uma bravata política e uma tentativa dos EUA de garantir aos aliados na região que, enquanto confiarem na "ocupação americana", com bases militares em seus territórios, "nada vai acontecer".

"Então eles jogam essas declarações de que eles vão resolver o assunto com a Coreia, que isso não é um assunto para eles se preocuparem. Mas nós sabemos que o programa nuclear norte-coreano, e nós ouvimos isso lá nessa viagem, em pelo menos duas ocasiões, é permanente. O programa nuclear é permanente e inegociável", pontuou.

Pitillo concordou e acrescentou que, caso não fosse o poderio nuclear do país, Pyongyang já teria sofrido uma desestabilização total por parte das potências ocidentais.
"Eles precisam agir dessa forma porque, se não o fizer, correriam o mesmo risco que outras nações já enfrentaram. Basta olhar para o que aconteceu com o Iraque, a Síria, a Líbia ou o Afeganistão, países que foram destruídos ou profundamente desestabilizados após entrarem na mira dos Estados Unidos. Com a Coreia do Norte, o desfecho teria sido semelhante", finalizou.
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