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Análise: Margem Equatorial não é sobre explorar, mas sim 'recuperar capacidade de desenvolvimento'

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Plataforma de petróleo (imagem de referência) - Sputnik Brasil, 1920, 04.12.2025
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Rico em recursos minerais sub e sobre o solo, Brasil precisa desenvolver indústria para dominar cadeia produtiva. Para isso, será necessário investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, o "calcanhar de Aquiles do Brasil", aponta analista.
Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, especialistas trataram do entorno estratégico brasileiro e quais caminhos o Brasil deve seguir para aproveitar melhor esses elementos, ao passo que precisa defender sua soberania e lidar com a cobiça por parte de potências estrangeiras.
#763 Mundioka - Sputnik Brasil, 1920, 04.12.2025
Mundioka
Entorno Estratégico: parte III - recursos naturais
Durante a COP 30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a exploração de petróleo e gás na Margem Equatorial, ressaltando a expertise da Petrobras neste trabalho para afastar dúvidas quanto a acidentes que poderiam afetar a biodiversidade.
Uma ala do governo que conta com o ministro Alexandre Silveira, da pasta de Minas e Energia, é favorável a exploração para financiar a transição energética no Brasil. Embora outra parte da administração federal seja contra, Thiago Rodrigues, professor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), recorda que a própria ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se mostrou flexível à exploração como iniciativa que financiará a transição energética.
"Houve uma mudança, uma adaptação do discurso desenvolvimentista e ambientalista, no sentido de aceitar a necessidade da exploração de gás natural e petróleo, ou seja, desses recursos fósseis, como meio para criar recursos e base material para o desenvolvimento de energia limpa e renovável", avaliou o analista sobre as mudanças dentro do governo.
Para o especialista, o Brasil apenas deveria avançar nesta atividade caso na exploração da Margem Equatorial, "a gente também desenvolva capacidade ou recupere capacidade de desenvolvimento de tecnologia a partir da matriz petróleo no Brasil".
A floresta Amazônica e sua região, a qual 60% fica em território brasileiro, é rica em recursos que estão sub e sobre o solo, salienta Rodrigues. Elementos estes que são fundamentais para a economia global.
"Há minerais fundamentais para a indústria eletroeletrônica, como por exemplo, as terras raras, mas também estanho, e metais que são super utilizados e necessários, demandados para os microchips. Há o petróleo, há ouro, e também, sobre o solo, há toda a imensa biodiversidade que é em si uma riqueza enorme, que é ponte de tecnologia, tanto para a produção de, por exemplo, de, defensivos, agrícolas não tóxicos, que vai desde isso até a produção de drogas para as mais diversas aplicações".
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, à esquerda, e sua ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, posam com um livro sobre prevenção e controle do desmatamento na região amazônica no Dia Mundial do Meio Ambiente em Brasília, Brasil, 5 de junho de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 19.03.2025
Notícias do Brasil
Análise: Lula fará 'gol de placa' se usar Margem Equatorial para financiar transição energética
Mas o grande recurso estratégico, dado os rumos da indústria global, aponta Bruno Mattos, professor de geografia da rede municipal de Angra dos Reis e mestre em geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), são as chamadas terras raras.
Apesar do adjetivo "raras", o especialista explica que não se trata de minerais difíceis de encontrar. Na verdade a dificuldade está em separar os minerais, num processo chamado ganga.
"Os países que conseguem dominar esse processo e conseguem explorar esses minerais, tem uma vantagem estratégica muito grande, porque esses são justamente os minerais usados na indústria automobilística, para a geração de turbinas eólicas, na indústria de alta tecnologia", afirma.
A grande questão, segundo ele, é como o Brasil se comportará em relação ao vasto campo de recursos disponíveis. Isso passa, por exemplo, em como lidará com o assédio de super potências aos elementos.

Brasil deve reforçar segurança nas fronteiras nos próximos anos?

A militarização das fronteiras é um tema não só de preocupação em relação a crescente de tensões entre Estados Unidos e Venezuela, mas por ser um gargalo considerável em território brasileiro, dada a grande extensão da divisa e o baixo contingente para atuar nestas áreas.

"Quando a gente fala das fronteiras, historicamente, a gente costuma concentrar muito na região amazônica por causa do ouro, por causa do diamante, mas se esquece do Nordeste. Quando a gente fala nesses minerais estratégicos, eles estão concentrados, muitas vezes, no sertão nordestino. O Piauí é um estado que se destaca bastante. E hoje você tem uma grande quantidade desses minerais que são extraviados do Brasil de maneira ilegal. Eles saem do Nordeste principalmente pelas fronteiras da região amazônica", diz Matos.

Submarino Riachuelo, o primeiro do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que prevê a produção de cinco navios do tipo, entre eles o primeiro submarino brasileiro convencionalmente armado com propulsão nuclear - Sputnik Brasil, 1920, 18.11.2025
Notícias do Brasil
'Caçador do mar': submarino nuclear pode ser usado para defesa da soberania na Margem Equatorial?
Diante dos desafios, o analista acredita que o Brasil está "muito longe de conseguir controlar essas fronteiras através das Forças Armadas", embora ressalte esforços de investimentos recentes, sobretudo na Marinha e na Aeronáutica.
No âmbito da defesa marítima, Rodrigues, por sua vez, chama a atenção para os submarinos. Recentemente o Brasil lançou um desses veículos aquáticos, fruto de parceria com a França. Há, ainda, em curso, a fabricação de um submarino nuclear.
"Essa ideia de que o Brasil precisa ter uma frota de submarinos moderna, que vai incluir submarinos de propulsão nuclear, tem justamente a ver com a defesa do nosso mar territorial", explica.
"Isso é tanto para os recursos que estão sobre a plataforma continental, como pesca, quanto aqueles que estão sob a plataforma continental, que é o petróleo e os recursos fósseis. Então, acho que é possível ler que há indícios de uma diretriz de defesa e de segurança para o Brasil, que passa por um planejamento de exploração desses recursos para as próximas décadas", acrescenta.
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