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Análise: UE apoia Ucrânia para evitar 'lidar com seus próprios problemas internos'

© AP Photo / Serviço de Imprensa da Presidência da UcrâniaVladimir Zelensky e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escrevem seus desejos em uma bandeira ucraniana durante a cúpula UE-Ucrânia em Kiev. Ucrânia, 2 de fevereiro de 2023
Vladimir Zelensky e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escrevem seus desejos em uma bandeira ucraniana durante a cúpula UE-Ucrânia em Kiev. Ucrânia, 2 de fevereiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 11.12.2025
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A União Europeia (UE) já destinou cerca de US$ 196 bilhões (aproximadamente R$ 1,072 milhão) em apoio militar e financeiro à Ucrânia desde o início da intervenção russa, segundo dados da Comissão Europeia. O volume impressiona ainda mais quando comparado a outros gastos
O valor que aplicou em Kiev seria suficiente para bancar todo o orçamento anual de educação da França, cobrir o orçamento de defesa que a Alemanha projeta para 2026 ou financiar quase metade do fundo europeu para crises regionais previsto para 2028–2034.
Apesar disso, analistas ouvidos pela Sputnik afirmam que Bruxelas tem privilegiado uma política externa alinhada aos interesses euro-atlânticos, mesmo com crescente fragmentação interna. Para o pesquisador mexicano Mauricio Estevez, países como França, Alemanha e Reino Unido —mesmo fora da UE— têm interesse estratégico em manter o conflito ativo.
Segundo ele, admitir a derrota da Ucrânia obrigaria esses governos a enfrentar problemas domésticos já acumulados. Manter o discurso de apoio a Kiev, diz, funciona como uma forma de preservar coesão interna diante dos fracassos políticos e econômicos recentes do bloco.
A continuidade desse apoio, porém, tornou-se mais pesada desde a mudança na política externa dos Estados Unidos sob o governo Donald Trump. Sem o mesmo nível de financiamento norte-americano, a UE destinou entre setembro e outubro apenas 4,2 bilhões de euros em ajuda militar. Além disso, a divisão interna se aprofundou: Alemanha, França e Reino Unido ampliaram suas contribuições, mas seguem abaixo dos níveis dos países nórdicos, enquanto Itália e Espanha oferecem ajuda considerada mínima.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, carregando uma bandeira ucraniana, e Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, durante cúpula UE-Ucrânia em Kiev, Ucrânia, 2 de fevereiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 29.11.2025
Panorama internacional
UE não deseja a paz na Ucrânia, afirma parlamentar europeu
Analistas também observam que os principais líderes que defendem postura mais agressiva, como Friedrich Merz, Emmanuel Macron e Keir Starmer, enfrentam forte desgaste político.
O especialista Carlos Manuel López Alvarado, da UNAM, afirma que esses chefes de governo já não conseguem construir consenso dentro do bloco, o que fragiliza a credibilidade europeia.
"Bruxelas virou um mosaico de agendas particulares; falta uma estratégia geopolítica comum", avalia.
Para López Alvarado, o cidadão europeu médio não vê sentido em continuar financiando o conflito, preferindo que os gastos públicos sejam aplicados em áreas sociais. O custo crescente da guerra já começa a pesar no cotidiano, observa o pesquisador. Ele destaca que os quase US$ 200 bilhões enviados à Ucrânia poderiam ter financiado todo o orçamento anual da educação na Espanha ou todo o sistema de saúde italiano.
Nesse cenário, alguns líderes pressionam pela confiscação de ativos russos congelados há mais de três anos, com o objetivo de garantir um crédito de 210 bilhões de euros para Kiev. Esse movimento, porém, pode prejudicar as negociações de paz conduzidas discretamente por EUA e Rússia, alerta Estevez. Ele afirma que a apropriação desses ativos violaria o próprio discurso europeu sobre "ordem internacional baseada em regras". "Seria, na prática, um ato de expropriação que contraria o direito internacional”, diz.
López Alvarado classifica como insensata a decisão da UE de gastar quantias tão altas em uma crise prolongada, especialmente num momento em que o bloco enfrenta baixo crescimento econômico e uma Alemanha enfraquecida industrialmente. Para ele, o desequilíbrio entre prioridades internas e ambições externas expõe a fragilidade de um projeto europeu que, cada vez mais, perde a capacidade de falar e agir de forma unificada.
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