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'Middle power': Brasil tem certa relevância no sistema mundo, mas subaproveita potencial
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O Brasil é um dos fundadores do BRICS, integra o G20 e tem boa articulação com os países do Norte e do Sul global. Para analistas, o país tem potencial para ir... 15.12.2025, Sputnik Brasil
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Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, Eduardo Galvão, professor de relações internacionais do Ibmec, ressaltou que o Brasil tem enorme relevância no fluxo comercial do globo, principalmente quando o assunto é alimentos. Segundo ele, cerca de 46% das exportações globais de soja e 23% das de milho são viabilizadas pelo Brasil. Além disso, o país lidera nos setores de açúcar, de carne e de frango. O setor alimentício é um grande diferencial brasileiro, destaca Galvão, mas o Brasil também tem representação importante nos setores de minerais e outros recursos naturais. "Nós somos um caso bastante peculiar no sistema internacional. A gente senta em várias mesas da segurança energética tradicional, que é baseada em petróleo, baseada em gás, em combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, a gente está na mesa de negociação de transição energética das renováveis. Então, a gente tem no setor energético esse, posso chamar assim, esse duplo passaporte", detalha. Galvão acrescenta que, nessa dinâmica, o Brasil contribui a curto prazo para a segurança energética com biocombustíveis e petróleo e, no longo prazo, oferece uma forma de estruturar uma matriz energética renovável em escala global.Nessa seara, Antônio Flávio Testa, cientista político e doutor e mestre em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), concorda com a capacidade brasileira nesses campos, mas as considera subaproveitadas. De acordo com ele, o Brasil "controla a produção de alimento, a distribuição e a logística", mas não aproveita essas virtudes e perde a oportunidade de ser um grande player internacional.Para ele, a situação muda de patamar com mudanças estruturais que devem ser feitas pelo Brasil, que tem enorme potencial em biocombustíveis e minerais. O cientista político cita, por exemplo, o lítio, que pode ser um mineral propulsor para inserir o país nessa "nova revolução na indústria". Ao invés de seguir cometendo "equívocos estratégicos", o Brasil, segundo ele, precisa de investimento maciço e "participar da cadeia de suprimentos de uma forma democrática e não na mão de duas ou três corporações como está acontecendo", além de investir em defesa e segurança nas fronteiras. Liderança na América Latina, força de articulação global?No âmbito das relações exteriores, o professor classifica o Brasil como uma ponte "entre vários mundos diferentes". Potência regional, o país dialoga com China, União Europeia e Estados Unidos, "embora não fique ou não se posicione totalmente alinhado a nenhum deles. Isso acaba trazendo alguns benefícios não só para o Brasil, mas também para a região", explica.Um exemplo recente que ilustra a relevância do Brasil no cenário internacional, citado por Galvão, é a retomada das conversas com os Estados Unidos, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após uma série de sanções aplicadas por Washington. Apesar de instabilidades internas, como a tentativa de golpe de Estado, que estimula a desconfiança de investimento externo, o professor do Ibmec ressalta que, neste âmbito, o Brasil mostra que a condenação de um ex-presidente e de generais de quatro estrelas por golpe de Estado "mostra que, sim, temos um judiciário que funciona e que, apesar da tentativa de golpe que houve, o presidente eleito tomou posse e as eleições estão previstas para o próximo ano".Além disso, Galvão destaca a importância do Brasil como um dos fundadores do BRICS, o que, na opinião dele, aumenta o alcance diplomático do país.Para o analista, é inerente o fato de o Brasil ser um player importante para discutir a nova arquitetura da economia global. "O Brasil tem uma vantagem, a gente consegue dialogar com o sistema tradicional já bem consolidado, G20, Banco Mundial. E a gente, ao mesmo tempo, dialoga com o 'sistema B', o sistema emergente, o sistema BRICS, o sistema do NDB".Já Testa, por sua vez, enxerga um potencial de crescimento no Brasil, mas não vê o país nesse patamar de influência no sistema mundo. Para ele o Brasil "o Brasil não consegue resolver os problemas internos", portanto não teria relevância em grandes temas hoje, como conflitos internacionais. Outro ponto considerado por ele é que o Brasil "está na mão dos países mais ricos, das potências que têm mais capacidade de influenciar não só na oferta de crédito, de investimento de infraestrutura, como também na segurança", o que desnivela as relações bilaterais.
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'Middle power': Brasil tem certa relevância no sistema mundo, mas subaproveita potencial
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O Brasil é um dos fundadores do BRICS, integra o G20 e tem boa articulação com os países do Norte e do Sul global. Para analistas, o país tem potencial para ir além, mas precisa fazer correções e priorizar setores estratégicos.
Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, Eduardo Galvão, professor de relações internacionais do Ibmec, ressaltou que o Brasil tem enorme relevância no fluxo comercial do globo, principalmente quando o assunto é alimentos.
"Um dos pilares que são talvez mais concretos e menos ideológicos hoje são o da segurança alimentar".
Segundo ele, cerca de 46% das
exportações globais de soja e 23% das de milho são viabilizadas pelo Brasil. Além disso, o país lidera nos setores de açúcar, de carne e de frango.
O setor alimentício é um grande diferencial brasileiro, destaca Galvão, mas o Brasil também tem representação importante nos setores de minerais e outros recursos naturais.
"Nós somos um caso bastante peculiar no sistema internacional. A gente senta em várias mesas da segurança energética tradicional, que é
baseada em petróleo, baseada em gás, em combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo, a gente está na mesa de negociação de transição energética das renováveis. Então,
a gente tem no setor energético esse, posso chamar assim, esse duplo passaporte", detalha.
Galvão acrescenta que, nessa dinâmica, o Brasil contribui a curto prazo para a segurança energética com biocombustíveis e petróleo e, no longo prazo, oferece uma forma de estruturar uma matriz energética renovável em escala global.
Nessa seara, Antônio Flávio Testa, cientista político e doutor e mestre em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), concorda com a capacidade brasileira nesses campos, mas as considera subaproveitadas. De acordo com ele, o Brasil "controla a produção de alimento, a distribuição e a logística", mas não aproveita essas virtudes e perde a oportunidade de ser um grande player internacional.
"O Brasil não tem visão estratégica. O Brasil tem, sim, uma visão muito imediata da realidade. É o pensamento político brasileiro, isso desde sempre. Tirando algumas raras exceções, você não tem uma visão estratégica, você não tem um planejamento, não tem políticas de Estado. Quando se faz uma política de Estado, vem um novo governo e muda tudo, porque a nossa legislação é muito frágil e submetida aos interesses corporativos", argumenta.
Para ele, a situação muda de patamar com mudanças estruturais que devem ser feitas pelo Brasil, que tem enorme potencial em biocombustíveis e minerais. O cientista político cita,
por exemplo, o lítio, que pode ser um mineral propulsor para inserir o país nessa "nova revolução na indústria".
Ao invés de seguir cometendo "equívocos estratégicos", o Brasil, segundo ele, precisa de investimento maciço e "participar da cadeia de suprimentos de uma forma democrática e não na mão de duas ou três corporações como está acontecendo", além de investir em defesa e segurança nas fronteiras.
Liderança na América Latina, força de articulação global?
No âmbito das relações exteriores, o professor classifica o Brasil como uma ponte "entre vários mundos diferentes". Potência regional, o
país dialoga com
China, União Europeia e Estados Unidos, "embora não fique ou não se posicione totalmente alinhado a nenhum deles. Isso acaba trazendo alguns benefícios não só para o Brasil, mas também para a região", explica.
"O Brasil não é uma grande potência, não é um país periférico, a gente pode dizer que ele está no middle power, ali no meio de um e de outro", completa.
Um exemplo recente que ilustra a relevância do Brasil no cenário internacional, citado por Galvão, é a retomada das conversas com os Estados Unidos, liderada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, após uma série de
sanções aplicadas por Washington.
Apesar de instabilidades internas, como a tentativa de golpe de Estado, que estimula a desconfiança de investimento externo, o professor do Ibmec ressalta que, neste âmbito, o Brasil mostra que a condenação de um ex-presidente e de generais de quatro estrelas por golpe de Estado "mostra que, sim, temos um judiciário que funciona e que, apesar da tentativa de golpe que houve, o presidente eleito tomou posse e as eleições estão previstas para o próximo ano".
Além disso, Galvão destaca a importância do Brasil como um dos fundadores do BRICS, o que, na opinião dele, aumenta o alcance diplomático do país.
"O Brasil integra esse grupo desde o início, ele é fundador. Isso coloca o Brasil no centro dessas discussões, talvez as mais importantes do século, que é uma disputa pela arquitetura da nova governança global".
Para o analista, é inerente o fato de o Brasil ser um player importante para discutir a nova arquitetura da economia global. "O Brasil tem uma vantagem, a gente consegue dialogar com o sistema tradicional já bem
consolidado, G20, Banco Mundial. E a gente, ao mesmo tempo, dialoga com o 'sistema B', o sistema emergente, o sistema BRICS, o sistema do NDB".
Já Testa, por sua vez, enxerga um potencial de crescimento no Brasil, mas não vê o país nesse patamar de influência no sistema mundo. Para ele o Brasil "o Brasil não consegue resolver os problemas internos", portanto não teria relevância em grandes temas hoje, como conflitos internacionais. Outro ponto considerado por ele é que o Brasil "está na mão dos países mais ricos, das potências que têm mais capacidade de influenciar não só na oferta de crédito, de investimento de infraestrutura, como também na segurança", o que desnivela as relações bilaterais.
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