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Tempestades solares expõem fragilidade das megaconstelações e ampliam risco de colisões, diz estudo

© Foto / Estúdio de Visualização Científica da NASATrajetórias dos satélites Starlink em fevereiro de 2024
Trajetórias dos satélites Starlink em fevereiro de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 17.12.2025
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A crescente densidade de satélites em órbita baixa tornou o ambiente espacial altamente vulnerável, com aproximações perigosas ocorrendo a cada segundo e tempestades solares capazes de desencadear colisões catastróficas em poucos dias, alertam pesquisadores.
Em artigo recente, a pesquisadora Sarah Thiele utilizou a expressão "castelo de cartas" para caracterizar o atual cenário das megaconstelações de satélites. Segundo o artigo, a densidade crescente de objetos em órbita baixa cria um ambiente altamente vulnerável, no qual aproximações perigosas entre satélites ocorrem com frequência alarmante — uma a cada 22 segundos considerando todas as constelações, e uma a cada 11 minutos apenas no Starlink.
Além disso, cada satélite do Starlink precisa realizar, em média, 41 manobras anuais para evitar colisões. Embora isso possa sugerir um sistema funcional, os autores alertam que falhas costumam surgir em situações extremas, e as tempestades solares representam exatamente esse tipo de ameaça. Elas aquecem a atmosfera, aumentam o arrasto e reduzem a precisão das posições orbitais, exigindo mais combustível e mais manobras evasivas.
A Tempestade de Gannon, em 2024, ilustrou esse risco: mais da metade dos satélites em órbita baixa precisou gastar combustível para se reposicionar. Ainda mais grave, tempestades solares podem danificar sistemas de navegação e comunicação, impedindo manobras de desvio justamente quando o arrasto atmosférico aumenta. Esse cenário pode desencadear uma catástrofe imediata, potencialmente iniciando a síndrome de Kessler — a formação de uma nuvem de detritos que inviabilizaria lançamentos espaciais por décadas.
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Para quantificar o risco, os autores criaram a métrica CRASH, que estima o tempo até uma colisão catastrófica caso os operadores percam a capacidade de enviar comandos. Em 2025, esse tempo seria de apenas 2,8 dias, contra 121 dias em 2018. Mesmo uma perda de controle de 24 horas já implica 30% de chance de uma colisão grave capaz de iniciar o processo de Kessler.
O problema se agrava porque tempestades solares oferecem pouco aviso prévio — um ou dois dias — e, mesmo quando detectadas, há pouco que se possa fazer além de tentar proteger os satélites. Como o ambiente atmosférico se torna altamente dinâmico, o controle em tempo real é essencial; se ele falhar, o sistema pode colapsar em poucos dias.
Eventos extremos não são hipotéticos: o Evento Carrington de 1859, muito mais forte que a tempestade de 2024, teria hoje o potencial de nos deixar incapazes de controlar satélites por mais de três dias, tempo suficiente para desencadear um desastre orbital. Um único evento desse tipo poderia destruir grande parte da infraestrutura espacial e limitar o acesso ao espaço por gerações.
Diante disso, os autores defendem uma avaliação realista dos riscos associados às megaconstelações. Embora ofereçam benefícios tecnológicos significativos, elas também ampliam a fragilidade do ambiente orbital com a possibilidade real de perder o acesso ao espaço devido a uma tempestade solar intensa.
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