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Tarifas dos EUA, abalo no multilateralismo e conflitos na Ásia: a geopolítica mundial em 2025

© Divulgação / Ricardo StuckertPresidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na Sede das Nações Unidas, Salão da Assembleia Geral
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na Sede das Nações Unidas, Salão da Assembleia Geral - Sputnik Brasil, 1920, 25.12.2025
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O Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, faz a retrospectiva do ano de 2025 com as questões que marcaram o ano, como mudanças nas relações geopolíticas no mundo e conflitos ao redor do mundo
Para isso, ouviu Fernanda Gonçalves Nancy, professora do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que destacou ao programa as bruscas mudanças feitas pela Casa Branca em sua política econômica e como isso reflete ao redor do mundo.
#778 Mundioka - Sputnik Brasil, 1920, 25.12.2025
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Quais foram os fatos mais marcantes de 2025?
Segundo a professora, as atitudes de Washington criaram uma crise no multilateralismo, instrumento de governança encabeçado pelos próprios Estados Unidos no decorrer do século XX. A criação de normas a nível internacional nas mais diferentes áreas, onde Washington supôs que sempre dominaria, permitiram que outras nações disputassem a posição de liderança no mundo.
"Hoje há um enfraquecimento claro das regras multilaterais a partir do momento que a hegemonia, os Estados Unidos, estão se desviando dessa ordem e criando outras formas de agir para evitar a limitação na sua capacidade de barganha, principalmente frente à China", explica Nancy.
Por exemplo, está no esvaziamento da Organização Mundial do Comércio (OMC), que desde o primeiro mandato do presidente Donald Trump, não conta com uma indicação norte-americana para o Corpo de Apelações.

"A gente viu que o Brasil não conseguiu se engajar com os EUA via OMC, então teve que fazer acordos diretos, bilaterais. Então, acaba que a gente vê o multilateralismo se enfraquecendo, muito por conta dos EUA, que vão enfatizar essa estratégia unilateral, porque é onde eles têm mais ganhos."

Por conta das ações unilaterais norte-americanas, Nancy acredita que o multilateralismo que conhecíamos “não existe mais” e que se voltar a existir será por outras normas, outras regras e outros atores no cenário mundial como protagonistas, sob liderança do Sul Global.
No entanto o grupo ainda precisa formar uma maior coesão interna, frisa a especialista. "O Sul Global não é homogêneo. Tem atores de diferentes potências ali dentro."

"Para que eles consigam reescrever essa história, fazer novas normas, abrir portas, modificar as instituições, a política internacional, é necessário que eles atuem em conjunto, mas muitas vezes atuar em conjunto é difícil."

O presidente russo, Vladimir Putin, discursa na reunião anual do conselho do Ministério da Defesa do país, em Moscou, em 16 de outubro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 17.12.2025
Panorama internacional
Ano de 2025 foi 'divisor de águas' para o conflito na Ucrânia, diz analista
O programa também entrevistou Valter Peixoto Neto, pós-graduado em relações internacionais e câmbio, analista político independente da ASEAN e apresentador do podcast MenteMundo. Em sua fala, ele deu ênfase ao conflito entre o Camboja e a Tailândia, que iniciou em 24 de julho.
Com disputas territoriais que envolvem o colonialismo da França no sudeste asiático até rivalidades históricas antes da vinda dos europeus, os dois países escalaram o conflito muito rápido, segundo o Peixoto, causando a saída da primeira-ministra tailandesa, Paetogntarn Shinawatra.
O que destaca neste confronto não é a disputa por recursos estratégicos, como petróleo ou terras raras, mas o legado cultural e histórico das duas nações.
"O Camboja, se considera como o Khmer, um império muito poderoso que teve ali no século XV, antes de Sião, hoje a Tailândia, ser poderoso e derrubar, ainda pegar uma parte do território, do Khmer. Foi quando os europeus chegaram. Então é uma coisa meio de nacionalismo, de identidade, principalmente para o povo cambojano."
Peixoto acredita que o timing do conflito se dá pelo enfraquecimento de organismos internacionais, como a ONU, pelas crises políticas e econômicas dos dois países e a necessidade de cada um se legitimar através de usar um “inimigo comum” para seus cidadãos.
Segundo o analista, a ASEAN (Associação das Nações Sudeste Asiáticas, no português), apesar de ter atuado como um bloco de segurança e unir países do sudeste asiático, possui um papel dúbio neste confronto: enquanto não intervém diretamente para não causar um antecedente para os países membros, o bloco atua como um canal diplomático entre Tailândia e Camboja.

"Quem pensar na ASEAN como, por exemplo, uma União Europeia, pode esquecer [...] Então, para eles, nada é mais importante do que manter eles unidos dentro dessa associação. E são países pequenos, no meio de gigantes, no meio de Rússia, China, Índia. Então, eles sabem que só unidos como uma só voz entre os dez países, eles conseguem ser ouvidos de algum palco internacional."

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