Opinião: EUA se esquivam da criação de um mundo sem armas nucleares

Os EUA vão desenvolver uma nova ogiva nuclear de baixa potência no âmbito da revisão da sua política nuclear. Analista militar revela as peculiaridades desta nova arma, que, segundo diversas fontes, é projetada para conter a Rússia.
Sputnik

Mais cedo a mídia havia informado, citando o ex-diretor superior do Conselho de Segurança Nacional para controle de armas e não proliferação, que os EUA pretendem criar uma nova ogiva nuclear de baixa potência. Segundo Jon Wolfsthal, o Pentágono está elaborando uma nova abordagem da política nuclear, de acordo com a qual os mísseis balísticos norte-americanos Trident D5 serão equipados com ogivas deste tipo.

'Armas nucleares já não são para Rússia os únicos instrumentos de dissuasão'
O ex-diretor frisou que tais ações dos EUA têm como objetivo conter a Rússia, de forma a que esta não utilize ogivas nucleares táticas no caso de um conflito armado na Europa Oriental.

Vladimir Kozin, analista militar e investigador do Centro de Pesquisas Político-Militares da Universidade MGIMO, comentou o assunto para o serviço russo da Rádio Sputnik.

Para ele, não se trata de uma notícia falsa publicada com o objetivo de intimidar, visto que os EUA já desenvolveram a nova bomba de queda livre B61-12, que tem vários tipos de ogivas nucleares, desde 0,3 até 500 quilotons. Como comparação, a bomba lançada contra Hiroshima era de 15 quilotons.

"Os norte-americanos acreditam que as armas nucleares de baixa potência podem ser usadas em vários conflitos regionais, para que o raio de contaminação nuclear seja o menor possível", explicou o analista.

No entanto, continuou, as ogivas de baixa potência podem virar armas nucleares estratégicas ao serem colocadas em bombardeiros estratégicos pesados de longo alcance porque assim elas podem ser levadas para distâncias mais longínquas.

Analista militar revela quando EUA vão retirar suas armas nucleares da Europa
Vladimir Kozin frisou que, infelizmente, o novo presidente dos EUA Donald Trump, no que respeita ao programa nuclear, vai muito mais longe do que seus antecessores. Basta lembrar que nos próximos anos ele pretende gastar 400 bilhões de dólares, e mais de um trilhão nos próximos 30 anos na modernização do arsenal nuclear.

O analista ressaltou que, daqui a pouco, a partir de 2025-2026, os EUA começarão a desenvolver a nova estratégica de tríade nuclear. A tríade é composta por mísseis balísticos intercontinentais, mísseis balísticos submarinos e bombardeiros estratégicos pesados.

"Trump tenta assim cumprir sua promessa eleitoral histórica de recuperar a grandeza dos EUA e tornar o país a potência nuclear número um. É isso que explica a linha dos EUA, que evitam a criação de um mundo não nuclear", resumiu Vladimir Kozin.

Comentar