Matemática da 'diplomacia de cereais' russa

Sébastien Abis, pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas francês (IRIS, na sigla em inglês), analisou os êxitos da produção de cereais na Rússia.
Sputnik

O especialista lembrou que em resposta às sanções comerciais impostas pelos EUA e UE, a Rússia introduziu um embargo aos produtos agrícolas provenientes não apenas dos Estados Unidos e União Europeia, mas também da Austrália e Canadá.

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Segundo Abis, essas contramedidas tiveram duas consequências principais. Em primeiro lugar, o fechamento do mercado russo teve um impacto negativo nos índices europeus e aumentou a concorrência no mercado da Europa. Além disso, a Rússia fortaleceu os laços comerciais com outros países (Turquia, China, Brasil, Marrocos, Argentina) cujas exportações ao mercado russo aumentaram significativamente.

O embargo contribuiu também para o setor agrícola russo: a produção de carne e produtos lácteos no país aumentou. Isso afetou particularmente a França, que era o principal fornecedor desses produtos à Rússia, sublinhou o especialista.

Atualmente, os principais importadores de cereais russos são a Turquia, o Irã, a Síria e, especialmente, o Egito. Além disso, a Rússia planeja entrar no mercado do Magreb e está tentando chegar à África. Sem dúvidas, se a Rússia começar a atuar mais ativamente nessas regiões, a concorrência entre os principais produtores de grãos do mundo se intensificará.

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"Mais recentemente, depois que a Rússia conseguiu vender trigo aos países do Magreb, especialmente a Marrocos, a Rússia começou a intensificar sua posição no continente africano, onde a demanda por cereais está crescendo", comentou Abis.

Devido às características técnicas que satisfazem as necessidades, expectativas e exigências de qualquer mercado nacional, a Rússia pode vender uma grande quantidade de grãos de diferentes qualidades, afirmou o especialista.

Abis destacou também a importância da "diplomacia de cereais habilmente orquestrada por Moscou", no âmbito da qual conseguiu dominar o fornecimento desses produtos ao Egito, um país que por muitos anos os importou dos EUA.

O especialista sublinhou que Moscou quer claramente estabelecer-se nos mercados de cereais de Marrocos, Argélia e Tunísia, tradicionalmente mais conectados com a Europa, em particular com a França ou com os EUA.

Abis sublinhou que a oferta em quantidade, qualidade e preço proposta pela Rússia é altamente competitiva com as grandes potências de grãos ocidentais.

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