Coreia do Sul não tem dúvida: a melhor hora de pôr Trump e Kim na mesma mesa é agora

A reaproximação de Seul e Pyongyang às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecem em fevereiro na Coreia do Sul, permitiu uma renovação das esperanças em torno da paz na península, mas há espaço para mais avanços e com a participação dos Estados Unidos.
Sputnik

Para autoridades sul-coreanas, a atual conjectura permite até fomentar a ideia de que é o melhor momento para que os governos de Coreia do Norte e EUA se sentem à mesa para conversar e negociar uma saída para o impasse em torno do programa nuclear norte-coreano.

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"Agora é o melhor momento, já que os EUA abrem a sua porta para conversas. Os EUA podem fechar a porta para sempre. É importante para o Norte parar as provocações e sair para conversar", afirmou um oficial sul-coreano na última quarta-feira, citado pela agência local Yonhap.

Tal ponto de vista que relaciona os Jogos a uma potencial abertura para, por exemplo, uma conversa direta entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-um – algo inimaginável, assim como parecia até alguns meses atrás a ideia de uma reaproximação entre Seul e Pyongyang – possui outros entusiastas.

Um deles é o ex-secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. De acordo com ele, a presença norte-coreana nas Olimpíadas de Inverno de PyeongChang abre uma janela de oportunidade para a retomada de negociações prolongadas que visem discutir a desnuclearização do país.

"Na verdade, há uma pequena janela aberta […]. [A questão é] como expandir esta janela para levar a conversas reais e significativas. Concordo [com alguns diplomatas nos EUA e na Coreia do Sul] que este é o melhor momento para conversas com o Norte", ponderou Ban em um seminário de imprensa na Coreia do Sul.

Ainda segundo o ex-secretário-geral da ONU, "sem conversas [com esta janela em PyeongChang], a crise do ano passado será repetida". "As conversas devem ser iniciadas. A pequena janela pode estar aberta de acordo com a forma como fizermos isso".

Linha tênue

Os encontros entre altas autoridades das duas Coreias – os primeiros em mais de dois anos – ajudaram a diminuir as tensões dos dois lados da fronteira, mas os temas giraram principalmente quanto aos preparativos para a participação norte-coreana dos Jogos de Inverno.

Todavia, é ainda incerta qual será a atitude de Pyongyang tão logo questões relativas ao seu programa de mísseis balísticos e nuclear se tornar pauta no diálogo com Seul. É nesta seara que Washington está mais interessada, e oficialmente a administração Trump vê com uma boa dose de ceticismo a possibilidade de Kim colaborar.

Dentro do governo do presidente sul-coreano Moon Jae-in, a mensagem recebida da Casa Branca é que os EUA estão sim prontos para dialogar com a Coreia do Norte – como o secretário de Estado do país, Rex Tillerson, já declarou no passado: "sem pré-condições".

"Embora a sua retórica tenha sido forte, Tillerson indicou que as negociações poderiam ser possíveis se o Norte parar as provocações por algum tempo, e Trump também se juntou a isso. Nunca houve qualquer momento antes em que [autoridades dos EUA] disseram isso", informou a fonte sul-coreana ouvida pela Yonhap.

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Em um gesto de boa vontade, Seul até mesmo já indicou que não se opõe a ficar de fora do processo em torno da discussão nuclear, caso Washington e Pyongyang queiram lidar diretamente com o assunto. Assim como os EUA, a Coreia do Sul considera a desnuclearização da Coreia do Norte e o congelamento de seus programas militares como o objetivo final.

Toda a teoria deve ser colocada à prova logo após o fim dos Jogos na Coreia do Sul. É quando espera-se que um encontro entre militares dos dois países possa ser viabilizado. Isto, claro, se não existir o que Ban chamou de "erro de cálculo", que poderia vir tanto pelo discurso de Seul e Washington, ou por alguma provocação de Pyongyang.

"Olhando para o passado, o Norte frequentemente avançou com um comportamento de observações provocativas após grandes eventos", relembrou o ex-secretário-geral da ONU. "Você deve estar ciente de que o Norte geralmente usou gestos de paz sempre que estava preso em uma situação difícil no passado".

Se essa for a estratégia de Kim para justificar a sua recente boa vontade em conversar com os vizinhos do Sul, Ban sugere uma alternativa que deve estar sobre a mesa de negociações.

"A Coreia do Sul precisa ser preparada e pronta para pressionar (para que) a Coreia do Norte considere que não há alternativa que não seja se sentar para negociar", enfatizou Ban. A sorte está lançada na península.

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