"Estas sanções devem onerar a Rússia pelas suas ações. Impedindo os outros países de comprar equipamento militar e de inteligência russo, nós privamos Rússia dos lucros daqueles negócios que ela usaria para continuação de sua campanha internacional de má influência e desestabilização", destaca o comunicado do Departamento de Estado.
O especialista em assuntos de armamentos Andrei Frolov compartilhou com Gazeta.ru que ainda é cedo para ver até que ponto serão eficazes essas advertências, mas já se podem deduzir algumas de suas possíveis consequências.
Imagem tóxica
A estratégia de isolamento da indústria militar russa já deu seus frutos entre os países membros da OTAN. Em particular, a Rússia já não é convidada para exposições de armas e equipamentos militares como a de Le Bourget, na França, e a de Farnborough, no Reino Unido. Os britânicos já anunciaram que a Rússia não será admitida para estar presente no Salão Aeronáutico de Farnborough de 2018.
Com suas sanções Washington coloca uma simples escolha aos potenciais clientes: ou comprar armamento russo e se arriscarem a perder o favor dos EUA, ou optar pelo norte-americano, mais caro, mas sabendo que terão sempre confiança em dia de amanhã. Não obstante, isso é uma espécie de "pacto com o diabo", indica o especialista. Como exemplo, ele lembrou um caso recente, quando Washington retirou unilateralmente os especialistas contratados pelo Iraque para a manutenção técnica de seus tanques Abrams.
Enquanto isso, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Rogozin, estima que a imposição de sanções contra a indústria de defesa russa pode até ser benéfica para o país.
De acordo com Rogozin, "para a Rússia pode ser útil" e promete "resultar em novas capacidades, enquanto para a Europa, nossos parceiros europeus, nossos vizinhos, não é rentável". Devido às sanções dos Estados Unidos contra o complexo militar-industrial russo, as empresas europeias sofreram prejuízos de centenas de bilhões de dólares, afirmou Rogozin.
Um mundo dividido
"Em muitos aspetos a Rússia é o regulador deste processo, já que nunca foi fixado o objetivo de colocar nenhum país em uma posição de dependência. É por isso que há muitos no mundo que desejam fazer negócios conosco. A aquisição de armas confiáveis, eficazes e econômicas, é muitas vezes um dos meios mais importantes para preservar a soberania de um Estado e de sua identidade nacional", sublinha Sitnov.
A estratégia de pressão dos EUA é, provavelmente, dirigida principalmente contra a Turquia, Qatar e Arábia Saudita, mas não contra países como a Índia, aponta o diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, Ruslan Pukhov. Segundo o especialista, Washington dificilmente correrá o risco de manchar suas relações com Nova Deli, que nos EUA é percebida como um contrapeso regional a Pequim.