No entanto, a investigação oficial entrou em um impasse: os criminosos ainda não foram encontrados. Andrei Veselov, o correspondente da Sputnik se encontrou com supostos franco-atiradores. São naturais da Geórgia. Eles afirmam que as ordens foram dadas pelos líderes de Maidan. Para além disso, foi dada uma ordem direta: atirar não apenas contra policiais, mas também contra os próprios manifestantes para irritar a multidão e provocar uma crise política.
A polícia irrompeu na casa de Tsitelashvili, que foi detido, no decurso da detenção violenta o filho do general, menor de idade, ficou ferido. Exigiram que Tsitelashvili confessasse sua participação do "conluio de generais" fictício, devido ao qual a Geórgia alegadamente terá perdido a campanha de 2008. O general não prestou declarações. Desde então ele é o principal rival de Saakashvili.
"Sabia desde 2014 que em Maidan havia naturais da Geórgia que foram orientados especificamente para o tiroteio. Uma parte deles são meus subordinados do exército georgiano. Alguns ainda permanecem no território ucraniano e participam dos combates. Outros voltaram. Durante muito tempo eles tinham medo de falar. E ainda temem! Eles podem ser eliminados como testemunhas inconvenientes", contou Tsitelashvili à Sputnik.
'Nos chamavam de sonderkommando'
Um dos mencionados pelo general Tsitelashvili é Koba Nergadze.
"Caso necessário, por ordem dos comandantes os efetivos do nosso serviço espancavam líderes da oposição. Regra geral, nós realizávamos tais ações com máscaras. Nos chamavam de 'sonderkommando'. Habitualmente os efetivos de serviço ocultavam o lugar onde trabalhavam e o que faziam", disse o ex-oficial.
Os agentes estavam divididos em equipes de dez. Um dos chefes de equipe era Nergadze. Outros chefes de equipe que Nergadze conhece eram Georgy Saralidze, Merab Kikabidze e David Makiashvili. Falando com a Sputnik, Koba lembrou algumas "tarifas". Assim, pelo espancamento de um deputado pagavam US$ 1.000 (R$ 3.295).
Em meados de fevereiro de 2014, Revazishvili, Khabazi e mais quatro representantes da Zona Livre chegaram a Kiev em um voo da companhia da Ukraine International Airlines (UIA). Os recém-chegados foram alojados na rua Vozdukhoflotskaya e depois foram transferidos ao conservatório tomado pela oposição.
"As armas eram trazidas por Sergei Pashinsky"
Na reunião também esteve um tal de Christopher Brian que foi apresentado como ex-militar norte-americano.
"Na noite de 19 de fevereiro Sergei Pashinsky e alguns rapazes desconhecidos com bolsas grandes vieram ao hotel. Eles tiraram fuzis SKS, Kalashnikov de calibre 7,62 e ainda um rifle SVD e uma carabina de produção estrangeira. Pashinsky explicou que precisaremos das armas para 'proteção', mas não respondeu à minha pergunta sobre de quem nós iriamos nos proteger e saiu do quarto", continuou.
Como conta Revazishvili, no mesmo dia as armas foram trazidas para o conservatório: "Vieram Mamulashvili, Saralidze, apelidado de Malysh (Pequeno), e mais cerca de dez pessoas, não conheço os outros. Mamulashvili se interessou como nós estávamos. Eles estavam rindo. Alguém perguntou a Mamulashvili em georgiano: 'Cadê Misha?'. Ele respondeu: 'Está com Porokh [supostamente se trata do atual presidente ucraniano, Pyotr Poroshenko].' Depois eles saíram. Algum tempo depois, Pashinsky e mais alguns homens trouxeram para o prédio bolsas com armas. Na maioria eram carabinas SKS. O próprio Pashinsky tinha nas mãos uma Kalashnikov com coronha aberta.
"Pashinsky me pediu para ajudar com a escolha de posições para fazer fogo. Disse que de noite o Berkut [forças policiais especiais] podia assaltar o conservatório e os manifestantes podiam ser dispersados", acrescenta Revazishvili.
"De noite, aproximadamente às 04h00 ou 05h00, ouvi disparos, e me pareceu foram do lado do Palácio Oktyabrsky. Pashinsky saltou, pegou o walkie-talkie e começou gritando que parassem o fogo e que ainda não era a hora. Os tiros pararam imediatamente. Aproximadamente às 07h30, talvez mais tarde, Pashinsky ordenou a todos que se preparassem e abrissem fogo. Fazer dois ou três tiros e mudar de posição. O tiroteio continuou durante 10-15 minutos. Depois nos ordenaram para parar, deixar as armas e sair do prédio", disse Revazishvili.
"Em 20 de fevereiro de manhã cedo, aproximadamente às 08h00, ouvi tiros vindos do lado do conservatório. Três ou quatro minutos depois, o grupo de Mamulashvili abriu fogo das janelas do hotel Ukraina, do terceiro andar. Disparavam em pares. Depois de atirar, passavam para outros quartos e voltavam a atirar. Quando tudo acabou, fomos ordenados para sairmos. No mesmo dia eu e Bazho partimos para Tbilisi", disse Nergadze.
O ex-oficial do exército georgiano não recebeu o dinheiro prometido. Hoje ele teme vingança por parte dos "ex-colegas".
Koba Nergadze e Aleksandre Revazishvili estão prontos para confirmar suas palavras em tribunal ucraniano. A Sputnik dispõe de cópias das declarações oficias feitas aos advogados Aleksandr Goroshinsky e Stefan Reshko, que representam os interesses do ex-efetivos do Berkut no tribunal do bairro Svyatoshinsky em Kiev. A Sputnik também tem cópias das passagens que comprovam a chegada de Nergadze e Revazishvili a Kiev durante os acontecimentos em Maidan.