'Nem rifles nos vendem': chanceler turco ataca EUA e explica compra do sistema russo S-400

A decisão da Turquia de comprar sistemas de defesa aérea russa S-400 foi motivada pela relutância de seus aliados da OTAN, principalmente os EUA, em vender armas avançadas para Ancara, disse o ministro de Relações Exteriores do país, Mevlut Cavusoglu.
Sputnik

"Precisávamos urgentemente porque não possuíamos um sistema de defesa aérea. Nós até tivemos problemas com a compra de rifles simples dos EUA devido às preocupações do Congresso. Tivemos que comprá-lo de alguém", disse Cavusoglu ao jornal alemão Die Zeit, em uma entrevista exclusiva.

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O S-400 Triumph é o sistema antiaéreo russo mais avançado, projetado para envolver alvos aerodinâmicos de até 400 km e mísseis balísticos até 60 km de distância. O lançador pode usar pelo menos quatro tipos de mísseis interceptores, adequados para diferentes alvos. Uma divisão S-400 pode envolver até 36 alvos simultaneamente.

A Turquia, no entanto, está pronta para comprar os sistemas correspondentes dos EUA, nomeadamente os mísseis antiaéreos Patriot, se "o governo dos EUA puder garantir que o Congresso aprova a venda", afirmou o funcionário. Isso não significará que a Turquia acabe com o acordo com a Rússia ou não use os sistemas S-400 quando eles forem entregues, pois o país procura fortalecer a cooperação militar e tecnológica com muitos parceiros simultaneamente, incluindo países europeus.

"O acordo já foi assinado. Mas continuaremos a comprar produtos no futuro. Esperamos investimentos conjuntos e transferência de tecnologia no setor de armamento", disse Cavusoglu. "Mas se não recebemos nada de nossos aliados, temos que comprá-lo de outra pessoa".

As observações de Cavusoglu fizeram eco de uma declaração do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que prometeu manter o acordo S-400 com a Rússia, apesar da ameaça das sanções dos EUA. Washington poderia, potencialmente, dar uma lição em Ancara com sanções sobre o acordo, sob o Ato de Combater o Acidente de Medidas de Sanções (CAATSA), que foi assinado pelo presidente dos EUA em agosto passado.

"Você afirmou que o contrato com a Rússia era um erro. Você também disse que você pode introduzir sanções. Não vamos ser responsáveis perante você. Vamos prosseguir do jeito certo, sem quaisquer concessões, com o objetivo de alcançar nossos próprios objetivos", disse Erdogan no início desta semana.

No caso de quaisquer sanções dos EUA, a Turquia "responderá" de uma forma diferente de outros países, afirmou Cavusoglu, sem fornecer detalhes sobre possíveis retaliação.

"Se eles querem punir a Turquia com sanções, então a Turquia reagiria de maneira diferente da Rússia ou de outros países. Nós responderíamos. Você não deve nos ameaçar. Somos um aliado da OTAN", advertiu o principal diplomata. "Os EUA estão ameaçando muitos, dizendo algo como:  Não compre gás com esse ou aquele país'. Isso não funcionará. Ser forte não significa estar certo".

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Washington, no entanto, parece estar ainda tentando interromper o acordo envolvendo o S-400 (até agora) ao introduzir sanções ou fazer outros movimentos difíceis, o que pode comprometer ainda mais as relações já esticadas com a Turquia.

"Estamos em discussão com a Turquia em relação às medidas de defesa aérea e aos sistemas que poderiam implantar", afirmou na quinta-feira o comandante do Comando Europeu dos EUA e comandante supremo dos aliados da OTAN na Europa, o general do Exército Curtis Scaparrotti. "Ainda não acho que este seja um acordo concluído", finalizou.

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