Nomeação da nova diretora da CIA 'sugere regresso às torturas'

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou sua decisão de nomear Gina Haspel como nova diretora da CIA. Entretanto, muitos estão preocupados que a CIA pode voltar a usar técnicas de interrogatório violentas.
Sputnik

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Em entrevista à Sputnik Internacional, o professor associado da Universidade de Boston, Thomas Whalen, comentou esse assunto. Para ele, essa nomeação pode trazer mudanças importantes no funcionamento da CIA.

"É preciso lembrar que Haspel passou a maior parte de sua carreira, desde os anos 80, comandando uma série de operações secretas em países estrangeiros. Ela é uma operacional clandestina, e por isso a maior parte de seu trabalho, por definição, não pode ser tornada pública ou ser discutida. O passado dela é obscuro. Ocupou o cargo de vice-diretora da CIA, foi vice-diretora do Serviço Nacional Clandestino da CIA. Mas o que ela fez, além de supervisionar uma prisão secreta na Tailândia, está aberto a especulação", explicou ele.

Especialista opinou que nessa prisão foram usadas técnicas cruéis de tortura como o afogamento simulado. "Isso é importante, porque o próprio presidente Trump declarou abertamente que quer restabelecer a tortura por simulação de afogamento ou outras torturas no arsenal dos EUA", sublinhou Whalen.

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A nomeação da primeira mulher a comandar a CIA é um passo importante em termos políticos, porque destrói um "glass ceiling" ("teto de vidro" em português, metáfora que significa barreiras invisíveis que impedem as mulheres de ocupar altos cargos). Além disso, Trump não tem credibilidade nas agências do governo federal, incluindo as de inteligência.

"Este pode ser o primeiro passo para construir uma espécie de competência e credibilidade que, francamente, a administração de Trump ainda não tem", afirmou Whalen.

Entretanto, o fato que Gina Haspel supervisionou torturas em uma prisão secreta dos Estados Unidos na Tailândia provocou polêmica. O senador norte-americano, John McCain, expressou ceticismo sobre essa nomeação, porque ele próprio foi prisioneiro durante a Guerra do Vietnã e foi torturado, disse o especialista.

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Quanto aos obstáculos de confirmação da nomeação de Gina Haspel, o especialista indicou os casos de torturas na prisão secreta durante a presidência de George Bush. Entretanto, ela destruiu fitas de vídeo com o registro dos interrogatórios. Segundo Haspel, isso não foi premeditado.

De acordo com o especialista, a nomeação de Haspel pode sugerir o regresso às torturas e diferentes técnicas de interrogatório violentas pela CIA.

"Durante sua campanha eleitoral, ele [Donald Trump] declarou abertamente que a CIA perdeu seu jeito para torturas. Quero dizer que não há outro modo de dizê-lo, porque ele acredita que isso afetou de alguma maneira nossa a capacidade de coletar dados de inteligência. É uma proposição controversa e acho que causará grandes polêmicas durante a audiência para sua [de Gina Haspel] confirmação", concluiu ele.

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