Gorbachev critica Putin e Trump e pede negociações antes que seja 'tarde demais'

O ex-líder soviético Mikhail Gorbachev pediu aos presidentes Vladimir Putin e Donald Trump que encarassem negociações diretas, alertando que um choque incidental entre as forças russas e norte-americanas poderia levar a uma guerra aberta.
Sputnik

"Estou muito alarmado", disse Gorbachev, que liderou a União Soviética entre 1985 e 1991. "A situação não está tão ruim há muito tempo, e estou muito desapontado em como os líderes mundiais estão se comportando. Nós vemos evidências de uma incapacidade de usar mecanismos diplomáticos. A política internacional se transformou em trocas de acusações, sanções e até ataques militares".

Gorbachev, cujo Prêmio Nobel da Paz em 1990 foi parcialmente premiado por suas reuniões de cúpula com os presidentes estadunidenses Ronald Reagan e George Bush, que ajudaram a acabar com a Guerra Fria, instou os atuais líderes do Kremlin e da Casa Branca a seguirem seu exemplo.

"Como a Rússia e os EUA estão no fim da crise atual, seus líderes precisam se encontrar. Eles precisam se encontrar no meio do caminho, por um dia ou dois de negociações sérias com o envolvimento de ministros de defesa e estrangeiros", afirmou Gorbachev.

Gorbachev: 'O mundo inteiro está cansado de tensão e não quer nova Guerra Fria'

Na atual ausência de progresso diplomático, Gorbachev está particularmente preocupado em "evitar incidentes envolvendo tropas e armamentos russos e americanos".

"Tenho certeza de que ninguém quer guerra, mas na atual atmosfera febril pode levar a grandes problemas", disse Gorbachev, de 87 anos, acrescentando que a atual escalada de divergências entre as grandes potências se deve ao fato de que "as pessoas comuns não estão ainda cientes da ameaça que paira sobre elas".

Os recentes focos internacionais envolvendo Moscou incluíram o incidente com o ex-agente russo duplo Sergei Skripal no Reino Unido, no mês passado, e o suposto ataque químico em Douma, na Síria, na semana passada, que pode ainda provocar uma intervenção armada do Ocidente em uma área onde forças russas já estão estacionadas.

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