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Na questão do aço, EUA deixam o Brasil entre a cruz e a caldeirinha

Os Estados Unidos praticamente deram um ultimato ao Brasil: ou o governo acerta com as siderúrgicas uma cota de exportação de aço para o mercado americano, ou Washington vai sobretaxar os embarques em 25% e em 10% sobre os de alumínio. Oficialmente o prazo para definição do assunto é o próximo dia 30.
Sputnik

O presidente Donald Trump diz que os atuais acordos prejudicam a siderurgia americana e colocam em risco o emprego de 54 mil trabalhadores e que a concorrência com outros países tem sido prejudicial aos EUA. Depois do Canadá, o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para o mercado americano —32% do total da produção brasileira vão para os EUA, onde muitas siderúrgicas brasileiras também atuam.

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Logo após o anúncio da possibilidade de sobretaxação, siderúrgicas brasileiras com papeis em Bolsa já amargaram quase US$ 2 milhões em perda de valor de mercado. Cálculos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que, caso a sobretaxação aconteça, o Brasil perderia US$ 3 bilhões por ano no mercado de aço e US$ 144 milhões no de alumínio.

Falando à Sputnik Brasil, Juliana Inhasz, professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), vê com preocupação o cenário atual e admite ser bem provável que o governo brasileiro não ceda às exigências americanas e os EUA cobrem as sobretaxas.

"A situação está cada vez mais difícil para que o Brasil consiga sair dessa sobretaxa. Independente de a gente estar falando do aço e do alumínio, Trump tem falado desde o início de seu mandato que a condição brasileira junto ao comércio americano é muito mais favorável ao Brasil do que aos EUA. Essa tentativa de que o Brasil estabeleça cotas está muito em linha com a tentativa de fazer em algum momento com que o Brasil não consiga cumprir essas cotas, fazendo o país cair nessa sobretaxa", afirma a professora. 

Para Juliana, a situação é preocupante porque o aço é um produto com participação expressiva em nossa pauta de exportação. Segundo ela, a balança comercial ajudou o Brasil a evitar um vexame maior no desempenho econômico dos últimos anos, e  a possibilidade de uma retomada mais sustentável do crescimento pode estar, sim, ameaçada. Além disso, ressalta, também no mercado doméstico a situação também está a cada dia mais complicada, por conta das fragilidades institucionais.

"A gente está falando de um setor (aço) estratégico, que emprega muita gente e que tem alavancado bastante a economia. Aparentemente essa guerra comercial está a cada dia mais próxima e só vai trazer custos para todos os lados. Eles vão sofrer também porque vão perder muitos contratos, acordos comerciais, porque, de alguma forma, todos vão querer salvar seu lado, e vamos começar a fazer uma das maiores guerras comerciais da história. É bom a gente continuar na torcida, mas ficar com o radar alerta, porque a gente vai ter que pensar em formas melhores de crescer e de contornar, ainda que parcialmente, os efeitos negativos dessas medidas", finaliza Juliana.

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