Entre as potenciais causas de tais perturbações, o empresário também enumerou a quebra do acordo iraniano e a destruição da aliança transatlântica entre a UE e os EUA.
"Tudo que podia dar errado, deu. Já não é uma figura de retórica dizer que a Europa está em perigo existencial, é uma realidade dura", disse Soros, citado pela agência Bloomberg.
Em uma entrevista com o serviço russo da Rádio Sputnik, o chefe do Centro de Pesquisa Político-Econômica, Vasily Koltashov, sugere o que o bilionário na verdade queria dizer com tais declarações.
"Soros quer mostrar que a UE não está caminhando na direção que os EUA acham correta e que alegadamente levaria a UE para a estabilidade econômica, protegendo-a desta crise. Esta, de acordo com Soros, pode ser evitada através de toda uma série de ações, inclusive políticas, o que não parece muito convincente. Acontece que a União Europeia está cada vez mais longe dos EUA", diz o especialista.
Pelo contrário, consideramos que, se a UE tivesse seguido as diretrizes de Soros e a Parceria Transatlântica fosse hoje uma realidade (a celebração desse acordo estava planejada para 2014, este deveria vincular estreitamente a UE com os EUA e criar privilégios inéditos para as empresas estadunidenses na Europa), a crise já teria acontecido.
Segundo assinala Koltashov, a declaração de Soros mostra preocupação com a possível crise, em primeiro lugar, nos próprios EUA.
"Soros está fingindo. Ele está tentando fazer passar as pretensões políticas do Estado norte-americano (que têm por trás, claro, os círculos financeiros) por fatores reais capazes de desencadear a crise. Haverá uma crise, sim, mas, provavelmente, por causa dos EUA, da bolsa, onde se criam ‘bolhas' gigantescas", sublinha.
Assim, explica Koltashov, para que estas "bolhas" não rebentem, os EUA "têm que roubar" os outros países, inclusive a UE, a chamando de seu "parceiro e amigo".