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A segurança no Rio tem solução? Especialistas criam agenda com propostas para candidatos

Governador Luiz Fernando Pezão com agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro
Foram oito meses de trabalho congregando o think tank de políticas públicas Instituto Igarapé e especialistas de diferentes órgãos da segurança pública e da justiça criminal. O resultado foi a "Agenda Rio Seguro", documento com eixos propositivos que será entregue a todos os pré-candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro.
Sputnik

Em entrevista à Sputnik Brasil, a coordenadora do programa de segurança pública e justiça criminal do Instituto Igarapé, Michele dos Ramos, diz que a ideia foi sistematizar propostas concretas para a agenda de segurança pensando nas eleições desse ano. Com o documento, o Instituto espera orientar a elaboração de diretrizes pelas pessoas que vão se apresentar no pleito, mas também ajudar a população a se atentar para os aspectos necessários no combate à violência.

"Temos um cenário de exceção aqui no Rio com a intervenção [federal] e queremos conseguir trabalhar em frentes para evitar a repetição ou a continuidade deste cenário. O trabalho na Agenda se iniciou antes do período da intervenção e deve reforçar soluções que impactem no sentimento de insegurança da população e que tenha um resultado efetivo na redução do aumento em alguns índices de criminalidade, além de apresentar um caminho de médio e longo prazo", avalia Michele.

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A cientista política defende que a segurança pública não deve ser encarada como uma política apenas reativa e que, portanto, é necessário delinear estratégias que impactem na reversão sustentável do quadro de violência do estado.

O Instituto, portanto, divide as propostas em seis eixos: recomendações na área de governança, prevenção de violência (especialmente levando em consideração os grupos mais afetados por esta, como os jovens), a gestão das polícias (revisando protocolos de operação e priorizando o acompanhamento da saúde mental e física dos policiais), execução penal (gestão racional dos sistemas das prisões e fortalecimento de medidas alternativas para quem cometeu crimes não-violentos), controle de armas e munições (com foco nos desvios, capacidades de rastreamento e enfrentamento do tráfico de armas) e por fim, mecanismos de controle da polícia do sistema prisional (promovendo a transparência entre agentes prisionais e aprimorando o controle externo com o Ministério Público).

Foco em inteligência é primordial, avalia especialista

"Uma das questões centrais é oferecer capacidades de atuação e do bom desempenho da ação policial através da formação, além de intensificar valorização salarial da categoria e o acompanhamento da tropa em operação. O Rio tem altos números de vitimização de letalidade policial e há tecnologias que ajudam a reverter isso, melhorando também a alocação de efetivos e aprimorando as investigações", defende Michele.

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Sobre este último aspecto, Michele defende que o trabalho de inteligência é primordial na redução da criminalidade registrada no estado.

"Muitas vezes a gente pensa só no aspecto ostensivo, mas tem todo o trabalho investigativo que precisa ser fortalecido. Precisamos dotar a polícia das melhores ferramentas para que ela exerça bem sua função", argumenta. "Segurança pública é condição para o desenvolvimento, é muito difícil avançar em outras pautas sem garantir a vida e a integridade das pessoas, enquanto o sentimento de insegurança permeia a população. Por ser tão importante, é fundamental investir em políticas que deram certo, não permitam retrocessos nessa agenda".

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