'Doping' para Forças Armadas da Ucrânia: EUA financiam exército para compra de armas

Alegando o propósito de reforçar a proteção contra os ataques cibernéticos, reduzir a dependência das tecnologias de comunicação russas e participar de programas de intercâmbio de informações, o governo dos EUA está disposto a alocar à Ucrânia US$ 250 milhões (R$ 937,6 milhões) em 2019 para aumentar sua capacidade de defesa.
Sputnik

A assistência de Washington a Kiev no setor de segurança ultrapassou um bilhão de dólares em alguns anos. A Sputnik esclarece como as autoridades ucranianas gastam esse dinheiro e para quem são rentáveis os contratos de fornecimento de armamentos com a Ucrânia.

Sem poupar dinheiro

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A cooperação militar entre os dois países se intensificou depois do golpe de Estado em 2014 e do início da operação militar em Donbass. Desde então, a assistência financeira à Ucrânia tem sido um item constante de despesas no orçamento de defesa dos EUA. Assim, neste ano os norte-americanos destinaram US$ 350 milhões (R$ 1,3 bilhão) para Kiev.

A maior parte da ajuda vem na forma de equipamento militar e diversos tipos de armamentos. Por exemplo, as Forças Armadas da Ucrânia e outros serviços de segurança adquiriram sistemas de mísseis antitanque, dispositivos de visão noturna, entre outros, no valor de US$ 44 milhões (R$ 165 milhões) neste ano. Além da ajuda humanitária no valor de US$ 500 mil (R$ 1,8 milhão). E as mercadorias não são fornecidas apenas pelos EUA, mas também pela Lituânia, Grã-Bretanha, Canadá e outros países.

O Pentágono, no final de julho, lançou um procedimento para celebrar contratos no valor de US$ 200 milhões (R$ 750 milhões). Esses fundos estão previstos para serem gastos em aquisições de equipamentos militares e munições, apoio logístico, serviços e treinamentos dos militares.

A Rússia alertou repetidamente os países ocidentais para o perigo do fornecimento de armas à Ucrânia, uma vez que isso apenas levará a uma escalada do conflito em Donbass e não contribuirá para a implementação dos acordos de Minsk.

Vida útil expirada

Apesar dos protestos das autoridades russas, a administração dos EUA aprovou em 2017 o fornecimento de armas a Kiev, inclusive de sistemas de mísseis antitanque Javelin. Trinta e sete lançadores e mais de duzentos mísseis guiados no valor de US$ 47 milhões (R$ 176,2 milhões) foram adicionados ao arsenal ucraniano no final de abril deste ano.

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Washington destacou que Kiev não tem direito de usar os sistemas na linha de contanto em Donbass. No entanto, mesmo se as Forças Armadas da Ucrânia ousarem quebrar essa proibição, poderá haver dificuldades. O fato é que, durante a demonstração, os sistemas de mísseis antitanque não funcionaram devido ao prazo de vida útil ter expirado. O motivo da falha em massa está relacionado a problemas com os motores de marcha.

Especialistas descobriram que o prazo de vida útil do fabricante havia expirado, mas ele foi prolongado por uma decisão especial antes do envio para a Ucrânia. O uso do Javelin em condições de combate não é recomendado – é perigoso para os militares.

Novo velho RPG

Em maio, o ministro do Interior Arsen Avakov informou que as Forças Armadas da Ucrânia receberam um primeiro lote de 500 lança-granadas PSRL-1. Durante os exercícios, os soldados da Guarda Nacional avaliaram positivamente a eficácia das armas e a liderança militar anunciou sobre um novo "avanço" no rearmamento do exército.

Na verdade, o PSRL-1 é uma cópia de lança-granadas antitanque soviético RPG-7, criado na década de 1960. Sua produção foi implementada pela empresa norte-americana AirTronic, melhorando ligeiramente seu desempenho e ergonomia. O alcance da arma é de 800 metros, o cano pode suportar até mil disparos. O disparo é feito com quaisquer munições que sejam compatíveis com o RPG-7 que, como é do conhecimento geral, depois do colapso da União Soviética o exército ucraniano herdou em grandes quantidades.

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Quanto a armas leves, um entusiasmo notável entre as forças de segurança ucranianas foi causado pela compra de rifles de precisão de grosso calibre Barrett M107A1 da empresa norte-americana Barrett Firearms Company.

A quantidade exata de suprimentos é desconhecida, mas especialistas estimam o valor do contrato em US$ 500 mil (R$ 1,8 milhão), não levando em conta a compra de visores, silenciadores e munições. Esta transação é o primeiro fato oficialmente reconhecido da transferência de armas letais para a Ucrânia.

Veículos usados

Washington não se esqueceu de aumentar a mobilidade do exército ucraniano. Assim, as Forças Armadas da Ucrânia receberam mais de 200 veículos blindados Humvee. Mas, como já era esperado, os veículos não eram novinhos em folha. A maioria dos "novos" veículos foi fabricada nos anos 80 e início dos anos 90, e os próprios norte-americanos não sabiam o que fazer com eles.

Os veículos blindados foram equipados com armas e imediatamente transferidos para as áreas de operações militares em Donbass. No entanto, os militares ficaram insatisfeitos com o estado técnico e a qualidade dos carros de "segunda mão". As janelas e portas de muitos carros eram de plástico e não forneciam nenhuma proteção. Os motores frequentemente enguiçavam e os pneus, que haviam permanecido por muito tempo em armazém, estouravam facilmente.

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Em meados de fevereiro de 2015, à Ucrânia chegaram equipamentos mais robustos – os veículos blindados Saxon. O contrato para a compra de 75 unidades foi assinado em 2013, o preço de cada carro blindado é de cerca de US$ 50 mil (R$ 187,4 mil).

Mas desta vez as coisas também não funcionaram bem. Durante os testes, o carro blindado não conseguiu ultrapassar uma colina muito pequena, embora o veículo blindado soviético BRDM tenha lidado com essa tarefa sem problemas.

Pode-se concluir que os EUA e seus aliados mais próximos da OTAN, que buscam fornecer armas à Ucrânia, perseguem apenas seus próprios interesses e não são guiados por boas intenções para ajudar seu "melhor" amigo. O Pentágono consegue "empurrar" para Ucrânia, muito lucrativamente, equipamentos militares obsoletos que já deveriam ser reciclados. Além disso, as empresas norte-americanas celebram contratos estáveis e de longo prazo de muitos milhões de dólares para a produção de armas.

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