Detenção
Depois, o prazo de detenção, que inicialmente era de 60 dias, foi prorrogado. Enquanto isso, o Conselho para Direitos Humanos da Rússia mantém um contato contínuo com a ombudsman ucraniana, Lyudmila Denisova.
Entretanto, até hoje não foi esclarecido por que as autoridades ucranianas decidiram prorrogar o período de detenção do jornalista. Nesse contexto, elas nem permitem que os diplomatas russos se aproximem de Vishinsky, argumentando isso com o fato de o jornalista ter cidadania tanto russa quanto ucraniana. Porém, a última já parece ser algo de que o preso tenciona abdicar, segundo aludiu durante a última audiência.
Reação da comunidade internacional
Ao mesmo tempo, a preocupação em relação ao caso é manifestada pelos jornalistas e ativistas não só russos, mas de todo o mundo. Até se ouviu a voz da organização europeia OSCE, que se mostrou muito alarmada com as atividades de Kiev, que atrapalha o trabalho pacífico de jornalistas, bem como da organização Repórteres sem Fronteiras. Em alguns casos, as violações até resultam na morte de repórteres inocentes, como foi no caso de Oles Buzina e Pavel Sheremet.
"É uma situação muito controversa que prejudica tanto ele quanto sua família. Ao mesmo tempo, trata-se de uma violação dos direitos humanos", disse.
"Nós, representantes da Organização de Jornalistas Ibero-Americanos, apelamos para o bom senso, pedimos ao presidente ucraniano, Pyotr Poroshenko, para defender [Vyshinsky] e conceder a liberdade ao nosso colega detido, permitir que ele volte para a família e suas honradas obrigações — as de jornalista", acrescentou Martínez.
Ainda de acordo com o entrevistado, grandes filósofos "como Platão, Sócrates, Aristóteles", ou seja, os "pais da democracia", nunca chegaram a definir o que é que se chama de liberdade.
"E as autoridades ucranianas não podem saber esta verdade", resumiu.
A editora-chefe do RT e da Sputnik, Margarita Simonyan, também se expressou sobre o tema.
"Temos questões. Para a Ucrânia. Vocês realmente acreditam que quanto mais jornalistas têm em suas prisões, mais perto estará o luminoso futuro europeu? [Pergunta] para a Europa. Vocês não estão a par, vocês esqueceram, vocês não repararam, vocês foram proibidos de reparar ou passaram a acreditar a partir de agora que fabricar um processo sobre alta traição em referência ao trabalho jornalístico é uma coisa ordinária?", manifestou ela.
Já em uma entrevista à Sputnik França, Ricardo Gutiérrez, secretário-geral da Federação Europeia de Jornalistas, partilhou que sua entidade condenou publicamente a detenção de Kirill Vyshynsky em Kiev no próprio dia de 15 de maio, publicando um comunicado em uma plataforma especial do Conselho da Europa.
Ainda de acordo com ele, o caso de Vyshinsky se integra "na agenda do dia de hoje" e reflete um "caso oficialmente registrado de violação dos direitos dos jornalistas".
"Até que a situação seja resolvida, o país violador é condenado por toda a comunidade internacional", concluiu.
A detenção de Vyshinsky foi prorrogada até 8 de setembro. Entretanto, é difícil prognosticar sua libertação, especialmente tomando em consideração as próximas eleições presidenciais na Ucrânia, nas quais Poroshenko provavelmente usará a retórica sobre alegados inimigos externos para ganhar mais pontos.