Agregando forças: Rússia começa as maiores manobras navais no mar Mediterrâneo

Neste sábado (1), começam os maiores exercícios russos no mar Mediterrâneo desde a era soviética com participação de 26 navios da Marinha e mais de 30 aeronaves da Força Aeroespacial da Rússia.
Sputnik

Durante o transcorrer da semana, marinheiros e pilotos trabalharão em dezenas de tarefas de treinamento de combate para repelir ataques aéreos e marítimos a fim de fortalecer as habilidades de combate contra navios, submarinos e grupos subversivos do inimigo convencional.

A Sputnik apresenta informações sobre o propósito dessas manobras em larga escala na região e a razão pela qual a OTAN observa os exercícios com tanta atenção.

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Caçadores de destróieres

De acordo com os últimos dados oficiais, no mar Mediterrâneo foi formado em um curto período de tempo um poderoso agrupamento de navios das frotas do Norte, Báltico, Mar Negro e da Flotilha do Mar Cáspio com base no agrupamento permanente da Marinha da Rússia. Sua espinha dorsal é composta pelo cruzador de mísseis Marshal Ustinov, o navio antissubmarino grande Severomorsk, as fragatas Admiral Grigorovich e Admiral Essen, os navios de mísseis pequenos Veliky Ustyug, Vyshny Volochek e Grad Sviyazhsk, além dos submarinos diesel-elétricos do projeto 636.3 Kolpino e Veliky Novgorod.

As fragatas Essen e Grigorovich são navios completamente novos da "série almirante", que foram entregues à Marinha em 2016. O deslocamento das fragatas é de cerca de quatro mil toneladas, a velocidade é de 30 nós e têm autonomia para 30 dias. O armamento é constituído por mísseis de cruzeiro Kalibr, o sistema de defesa antiaérea Shtil-1, uma peça de artilharia de calibre 100 mm e artilharia antiaérea, entre outros.

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O cruzador de mísseis Marshal Ustinov, navio-almirante do agrupamento nos exercícios, passou por uma profunda modernização há dois anos. Está armado com 16 lançadores do sistema de mísseis antinavio Vulkan, que atinge alvos a distâncias de até mil quilômetros. O cruzador transporta quase uma centena de bombas de profundidade com propulsão por foguetes e torpedos de 533 mm. Para se defender de ataques vindos do ar, o cruzador está protegido por um sistema de mísseis antiaéreos S-300F Fort e seis sistemas de artilharia antiaérea AK-630.

Além disso, também participam das manobras bombardeiros estratégicos Tu-160, aviões antissubmarino Tu-142MK e Il-38, caças multiuso Su-30SM, Su-33 embarcados e aviões de transporte militar. As tripulações dos navios, em conjunto com as aeronaves, serão submetidas a treinamentos de guerra antissubmarino e defesa aérea, proteção das vias de comunicação marítimas, combate à pirataria e prestação de assistência a um navio em perigo. Os exercícios têm previstos fogos reais com mísseis e artilharia.

Próxima palavra é da Marinha

O especialista militar Aleksei Leonkov acredita que o principal objetivo das manobras é o treinamento de ações coordenadas da Marinha em uma nova área marítima.

"Já por um longo tempo que aqui não decorrem grandes exercícios navais. Os últimos foram conduzidos na época da URSS e eram de carácter mais local […] Às vezes é necessário mostrar ao mundo que a Marinha russa é capaz de resolver uma variedade de tarefas com navios de diferentes frotas que se juntam para que as tripulações aprendam a interagir", explica Leonkov.

Segundo ele, o envolvimento de navios de diferentes frotas é devido ao fato de que está sendo concluído um sistema de controle automatizado, na qual o grupo tático é representado por uma força-tarefa naval de ataque.

Enquanto isso, as áreas dos exercícios militares da Marinha e da Força Aeroespacial da Rússia no mar Mediterrâneo foram temporariamente declaradas perigosas para navegação e sobrevoo. Conforme o comunicado do Ministério da Defesa da Rússia, todas as forças envolvidas retornarão aos locais de baseamento permanente depois do encerramento das manobras.

Segundo o ex-comandante da Frota do Báltico, almirante Vladimir Valuev, o fortalecimento do agrupamento naval na região é necessário para prevenir a agressão contra a Síria, especialmente para uma possível neutralização dos ataques norte-americanos com mísseis de cruzeiro Tomahawk às instalações da infraestrutura da Síria. Um ponto de vista semelhante é partilhado por outro especialista militar, Konstantin Sivkov.

"Os norte-americanos estão criando um agrupamento poderoso, preparando-se para atacar as tropas sírias que avançam sobre Idlib […] A Rússia, por sua vez, está criando um contra-agrupamento na região para o caso de um conflito militar. Vinte e seis navios e três dezenas de aviões são um poderoso contrapeso", disse.

A fronteira mediterrânica

É um fato que a atividade da Marinha dos EUA na região aumentou significativamente nas últimas semanas. O Ministério da Defesa da Rússia acredita que os EUA, em coalizão com a França e a Grã-Bretanha, pretendem infligir um ataque maciço de mísseis contra o território da República Árabe, cujo pretexto será a encenação de um ataque químico alegadamente por parte das tropas do governo sírio contra civis na província de Idlib.

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O grupo de ataque dos EUA, França e Grã-Bretanha consiste de aeronaves estratégicas e táticas baseadas na Jordânia, Kuwait e Creta e dispõe de cerca de 70 portadores, aproximadamente 380 mísseis de cruzeiro ar-terra, assim como dos destróieres Carney e Ross, cada um com 28 Tomahawks a bordo. Além disso, o destróier Sullivan entrou no golfo Pérsico e um bombardeiro estratégico B-1B, da Força Aérea dos EUA, foi transferido para a base de El-Udeid, no Qatar, com 24 mísseis de cruzeiro ar-terra JASSM.

Enquanto isso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov, sublinhou que os exercícios da Marinha russa no Mediterrâneo estavam planejados com antecedência e não estão conectados ao agravamento da situação no território sírio de Idlib.

Por sua parte, a OTAN chamou a atenção para o fato de que a Rússia enviou forças significativas para o Mediterrâneo e apelou para a moderação de todas as partes presentes na região.

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