Dólares desnecessários? Moeda americana está sendo empurrada para fora da Ásia

A política comercial agressiva de Trump e o volume sem precedentes de dívida pública tornam o dólar americano menos adequado para pagamentos internacionais. Cientistas políticos e analistas de bancos comentam a inevitável desdolarização da economia mundial e como o sistema financeiro global mudará em breve.
Sputnik

O principal motivo para ativação brusca do debate sobre perspectivas do dólar como moeda de reserva mundial é a China, que lançou dois fortes ataques às posições da unidade monetária dos EUA.

Primeiramente, o lançamento de futuros de petróleo denominados em yuanes na Bolsa Internacional de Energia de Xangai que vêm crescendo com um bom potencial, e já em setembro, os compradores receberão os primeiros 600 mil barris de petróleo comprados em yuanes.

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"Esta será uma das mudanças mais significativas de como o dólar americano é usado globalmente", disse o economista e colunista do The Daily Coin, Rory Hall.

"Os primeiros futuros de petróleo realizados sem o uso do dólar podem afetar muito o comércio mundial. Já o fortalecimento dos laços econômicos entre a China e a Rússia torna a situação ainda mais perigosa para a Reserva Federal e para o status do dólar como moeda de reserva."

Analistas do Goldman Sachs perceberam nos últimos meses uma brusca intensificação do fluxo de investimento estrangeiro de títulos do governo dos EUA para chineses denominados em yuanes, e essa tendência se intensificará, pois o Conselho de Estado da China decidiu introduzir incentivos fiscais para compradores de títulos públicos.

A maioria dos países sancionados pelos EUA está procurando uma alternativa à moeda norte-americana, por exemplo, Irã e Iraque excluíram o dólar dos cálculos do comércio bilateral. Enquanto que Teerã disse anteriormente que venderia petróleo para a Europa, não em dólares, mas em euros.

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Já o presidente da Turquia afirmou que "o atrelamento do comércio internacional ao dólar está se transformando em um problema sério", e solicitou o abandono da moeda norte-americana nos acordos de comércio exterior. O mesmo foi dito pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, ao afirmar que "o dólar é um instrumento de pressão não só sobre os adversários geopolíticos dos EUA, mas também sobre os aliados".

O principal obstáculo para a desdolarização é a instabilidade das taxas de câmbio. A desvalorização das moedas dos países em desenvolvimento, incluindo Irã, Turquia, Rússia, para o dólar e para o euro é medida no último mês apenas por dois dígitos (em porcentagem). Portanto, sem uma mudança radical na política dos bancos centrais nacionais, não é preciso falar de uma rejeição completa do dólar.

Dólares supérfluos

Segundo especialistas, até mesmo uma rejeição parcial da moeda dos EUA nos assentamentos internacionais ameaça a economia dos EUA com enormes problemas. 

O vencedor do Prêmio Nobel de Economia, Jeffrey Sachs, explica que devido ao estado atual da moeda nacional como reserva mundial, os EUA recebem três benefícios econômicos importantes.

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Primeiro, a oportunidade de pedir emprestado ao exterior em dólares. A segunda vantagem está ligada aos negócios financeiros, onde os EUA ganham dinheiro fazendo serviços bancários para o resto do mundo. E a terceira vantagem diz respeito à regularização e ao controle: os EUA, direta ou indiretamente, hoje controlam os sistemas de liquidação monetária mais importantes do mundo.

"Por enquanto, os líderes empresariais dos EUA apoiam Trump, que estava satisfeito com o declínio dos impostos corporativos e com a desregulamentação. Mas em poucos anos suas decisões irresponsáveis de comércio exterior e sanções enfraquecerão radicalmente a economia do país e o papel do dólar nas finanças mundiais", concluiu Sachs.

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