Trump dará golpe de misericórdia na economia dos EUA?

Segundo Donald Trump, a economia dos EUA está no caminho certo para obter o melhor crescimento da última década. O analista econômico e colunista da Sputnik Mundo, Ulises Noyola Rodríguez, analisou a afirmação do presidente americano correlacionando-a com o que está acontecendo na realidade.
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A economia americana cresceu, de acordo com o Escritório de Análises Econômicas, 4,1% no segundo trimestre do ano corrente devido ao consumo e exportações, afirmou o colunista da Sputnik Mundo.

O fator que impulsionou a economia, referente ao crescimento por consumo, são as rendas através de dividendos e rendimentos de propriedade. Por conseguinte, a compra de mercadorias não estava sustentada na melhoria de salários dos trabalhadores, que viram sua renda constantemente reduzida como produto da globalização neoliberal.

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Trump em sua campanha eleitoral afirmou que o salário mínimo norte-americano era elevado, mas na realidade o salário base foi destruído por governos anteriores dos EUA, com a perda de mais de 70% de seu poder de compra nas últimas quatro décadas.

Mais de 40 milhões de americanos se encontram abaixo da linha da pobreza, avalia dados recolhidos pelo governo americano no final de 2016. Este número contraria a afirmação de que os problemas no mercado de trabalho já estão resolvidos apenas por ter uma baixa taxa de desemprego (3,8%), de modo que o salário mínimo tem que ser aumentado para atender às necessidades das famílias americanas.

Além disso, se o presidente Trump intensificar a guerra comercial contra a China, as empresas americanas adiarão seus investimentos diante da incerteza do comércio com o gigante asiático. Portanto, a indústria americana, contando com insumos baratos da China, teria ainda mais cortes em seus empregos, agravando os problemas do mercado de trabalho.

Uma saída para tal problema, seria a reforma fiscal proposta por Trump para aumentar a presença de cidadãos no mercado de trabalho. Ao reduzir as taxas de impostos, os investimentos aumentariam, criando empregos, além de aumentar as remunerações trabalhistas.

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Obviamente que isso seria insuficiente para mudar de maneira significativa as condições trabalhistas americanas. Mas o que de fato a reforma fiscal faz é reduzir consideravelmente as receitas tributárias por meio da diminuição das contribuições das empresas norte-americanas. A redução das receitas públicas aumentará exponencialmente o déficit fiscal, de tal forma que a dívida do governo poderia chegar a 33 trilhões de dólares em dez anos.

A expansão do déficit fiscal será a desculpa perfeita, já esperada pelas facções conservadoras do Partido Republicano, para começar a acabar com os programas sociais. Quem lucraria com tal reforma seriam os grandes empresários e banqueiros de Wall Street, que verão suas fortunas crescendo por meio da evasão fiscal, que inflará a bolha do mercado de valores estadunidense causando efeitos devastadores para a economia norte-americana.

Além disso, o líder americano propôs um plano de infraestrutura no valor de 1,5 trilhão de dólares no prazo de dez anos, para recuperar os empregos perdidos causados pela desindustrialização da economia do país. Porém, o programa não conseguiu completar seu objetivo e tal deficiência na infraestrutura custará caro para os Estados Unidos, em termos de competitividade, produtividade e custos para suas empresas.

Se a promessa do presidente de gerar empregos com altos salários no setor manufatureiro não for cumprida, ele perderá um grande número de eleitores, que esperavam uma mudança radical na manufatura com a aplicação de medidas protecionistas para proteger o setor industrial.

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Em última análise, as parcerias público-privadas proporcionarão enormes lucros para os milionários dos Estados Unidos, uma vez que esses acordos envolvem a concessão na prestação de serviços a empresas privadas no final da construção de obras públicas.

Pode-se concluir que o programa de infraestrutura será mais um plano de privatização encoberto em serviços públicos, onde os empregadores não hesitam em cobrar preços exorbitantes por esses serviços, de modo que acabarão com a infraestrutura pública.

Além disso, as empresas privadas se concentrarão em projetos lucrativos que lhes permitam recuperar rapidamente seus investimentos. É muito provável que projetos em áreas rurais que não oferecem altos retornos não atraiam investimentos suficientes, fazendo com que com essas regiões continuem sofrendo com a ausência de assistência pública.

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Conclui-se que a presidência de Trump ensinará que o verdadeiro inimigo dos trabalhadores americanos é a classe dominante inserida nos grandes bancos de Wall Street, nas empresas multinacionais e no complexo militar-industrial, que contribuíram para gerar inquietação social na nação norte-americana — situação que impede a maioria de ter um emprego decente para satisfazer suas necessidades. Infelizmente, esta lição poderia vir quando Donald Trump, com sua política econômica, der o golpe de misericórdia na economia dos EUA.

A opinião do autor pode não coincidir com a da redação da Sputnik Brasil.

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