China ajudará Venezuela a resistir a sanções dos EUA

A China e a Venezuela assinaram quase três dezenas de acordos sobre a cooperação estratégica, inclusive nas esferas sensíveis que são alvo das sanções dos EUA, tais como as áreas de petróleo, gás, mineração, tecnologia, segurança e finanças. Este é o resultado principal da visita do presidente venezuelano Nicolás Maduro à China.
Sputnik

Nicolás Maduro sublinhou que os acordos assinados reforçam a tendência de aumento dos investimentos chineses nas companhias conjuntas de petróleo e gás. Sabe-se que esta é justamente uma das esferas sujeitas às sanções norte-americanas.

Foi alcançado um acordo de prospeção e extração conjunta de gás entre a Corporação Nacional de Exploração de Gás da China (CNODC) e a empresa Venezuelan Oil Company, PDVSA. É também destacado o acordo entre a companhia chinesa Yakuang Group e o parceiro venezuelano sobre a prospeção e exploração conjunta de ouro, o memorando de entendimento entre a companhia de tecnologia ZTE e o Ministério da Saúde venezuelano.

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Entretanto, não são referidos novos empréstimos de Pequim a Caracas. A edição Financial Tribune ressaltou que a empresa estatal venezuelana PDVSA cederá à Corporação Nacional de Petróleo da China (CNPC) 9,9% das ações da empresa conjunta Sinovensa, na qual a China já tem 40%.

O jornal The Santiago Times sublinhou as palavras de Xi Jinping de que a China avalia positivamente a compreensão e apoio por parte da Venezuela dos seus principais interesses e irá apoiar os esforços do governo venezuelano em busca de um caminho estável de desenvolvimento.

Agora na Venezuela têm lugar mudanças bastante sérias, ressaltou em entrevista à Sputnik China o especialista Alexandr Kharlamenko, do Instituto da América Latina. Elas devem contribuir para o desenvolvimento das relações sino-venezuelanas, antes de tudo, para a realização do programa de reorganização da economia nacional, anunciado pelo presidente em agosto. O analista destacou que essas medidas são encaradas por grande parte da sociedade venezuelana com compreensão. Até mesmo a oposição pró-americana tem estado mais conciliadora.

"É, antes de mais, um sinal claro de que a China continua e até reforça as relações com a Venezuela como um parceiro estratégico. Essa parceria foi estabelecida ainda em 1999 nos tempos de Hugo Chávez", comenta Kharlamenko.

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Segundo o especialista, houve muitas especulações no Ocidente, na América Latina e na própria Venezuela de que a China poderia abandonar as relações prioritárias com a Venezuela em busca de laços mais vantajosos com regimes de direita da região. Mas a China tem vindo a reafirmar os seus interesses, nunca dando fundamentos reais a tais especulações.

O analista chinês Xu Feibiao também opina que a visita de Nicolás Maduro confirmou a continuidade das relações entre os dois países.

"A cooperação entre a China e Venezuela se desenvolvia muito bem mesmo antes da guerra comercial entre os EUA e a China e das sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela. Antes da crise política e financeira na Venezuela, Pequim e Caracas já cooperavam de forma bastante estreita em todo o processo industrial, desde a pesquisa até à exploração de recursos de petróleo e gás", destaca o analista chinês.

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Ele acrescenta que a China concedeu grandes empréstimos e investimentos à Venezuela. O desenvolvimento das relações sino-venezuelanas ajudará a recuperação econômica, estabilizará os meios de subsistência da população, bem como contribuirá para o desenvolvimento estável de toda a região, destaca. No mesmo tempo, o desenvolvimento econômico do país garantirá a segurança dos grandes investimentos chineses.

"Nos últimos tempos os EUA têm agitado constantemente a ameaça das sanções. Eles não apenas impuseram sanções contra a Rússia, o Irã e a Turquia, mas também contra a Venezuela. O desenvolvimento da cooperação entre a China e a Venezuela tem seus próprios motivos. Na verdade, eles são ditados na sua maioria por interesses bilaterais, e não por motivos de resistência aos EUA. Este é o fundamento da política chinesa", comentou Xu Feibiao.

O jornal chinês Global Times ressalta que não se pode negar o aumento da presença chinesa na Venezuela e que os EUA encaram esta presença com ceticismo por razões geopolíticas.

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