De acordo com Regiane Bressan, professora de Economia, Negócios e Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Bolsonaro e sua equipe já deram sinais suficientes de um "possível distanciamento" dos países do grupo BRICS, e em geral de todo o Hemisfério Sul e das economias em desenvolvimento.
Aliás, Bressan sublinhou que ainda é cedo para tirar conclusões sobre as ideias de Bolsonaro sobre a atuação conjunta do bloco BRICS, e espera que o corpo diplomático do Itamaraty o ajude e traçar os rumos da política externa de forma mais equilibrada.
A professora e especialista em integração regional da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Cristina Martins dos Santos, concorda ser possível que em médio prazo uma visão pragmática se imponha aos comentários ideológicos expressos durante a corrida eleitoral.
"Talvez algumas relações bilaterais sejam vistas de forma mais privilegiada, mas Bolsonaro não poderá deixar a China de lado, seria atirar pedras no próprio telhado. […] Creio que será difícil para sua equipe de economistas neoliberais não se posicionarem; haverá uma disputa interna entre certos discursos para agradar a seu eleitorado e aos interesses econômicos", analisou a analista em entrevista à Sputnik Mundo.
Na opinião dela, os pesos econômicos russo, e, sobretudo, chinês, no bloco podem tornar o BRICS atraente para o governo Bolsonaro, especialmente dado que Pequim é o principal parceiro comercial do Brasil. Vale também ressaltar o papel dos instrumentos criados recentemente, como o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que pode ser usado para promover projetos de infraestrutura nos países-membros.