Cientista iraquiano revela como 'ajudou' Daesh a fabricar armas químicas

Por um período de 15 meses, o cientista iraquiano Suleiman al-Afari afirma ter liderado a fabricação de armas químicas para o Daesh, comunica o The Washington Post.
Sputnik

Semanas após a tomada pelo Daesh da segunda maior cidade iraquiana, Mossul, em 2014, o geólogo do Ministério da Indústria e Minerais do país, foi convocado pelo grupo terrorista para ajudá-los a desenvolver seu programa de armas químicas, relatou o jornal.

Durante a entrevista, o cientista alega que aceitou a oferta e ficou encarregado de supervisionar a fabricação de toxinas letais, incluindo gás mostarda. Além disso, ele afirma que não se arrependeu da sua decisão, argumentando que queria manter o emprego no governo.

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"Eles se tornaram o governo e passei a trabalhar para eles. Queríamos trabalhar para que pudéssemos ser pagos. Eles não forçaram ninguém. Eu estava com medo de perder meu emprego. Os empregos no governo são difíceis de conseguir e era importante mantê-los", disse ao jornal.

Al-Afari também foi encarregado de organizar uma cadeia de fornecimento de gás mostarda e equipar um pequeno grupo de laboratórios, sendo uma das poucas pessoas ainda vivas que participaram do programa de desenvolvimento de armas químicas do Daesh.

"Era importante [para o Daesh] fazer algo forte para que eles pudessem aterrorizar. Era mais sobre criar horror e afetar a psicologia e o moral das tropas que combatiam contra eles. Eu não acredito que a qualidade das armas estivesse em um nível tão perigoso".

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O entrevistado confessa que a instalação em que trabalhava, situada em uma oficina de automóveis, era "muito primitiva e simples", enquanto as pessoas não tinham nenhuma instrução ou capacidade.

Embora o laboratório de armas químicas no Iraque tenha sido eliminado, o jornal ainda cita autoridades iraquianas que presumiram que o Daesh poderia ter transferido alguns equipamentos e substâncias químicas para a Síria em 2016.

O grupo Daesh usou comprovadamente várias vezes armas químicas contra civis e militares da coalizão iraquiana e síria, liderada pelos EUA, presumivelmente usando gás cloro e mostarda.

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