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Análise: Brasil não tem interesse em se arriscar pela mudança de governo na Venezuela

Jornalista brasileiro Cedê Silva comentou as questões mais importantes da visita oficial do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, aos Estados Unidos. Entre elas, a possível adesão à OTAN, a situação na Venezuela e a utilização da base brasileira de Alcântara pelos americanos.
Sputnik

Durante visita oficial aos EUA, o presidente Jair Bolsonaro assinou acordo para que os americanos utilizem a base brasileira de Alcântara para lançar satélites e foguetes.

Cedê Silva, editor do portal A Agência, sublinhou que Alcântara fica perto do Equador, o que torna os lançamentos mais baratos. Segundo o jornalista, "é um acordo perspectivo para ambas as partes, porque o Centro de Lançamento é subutilizado e o programa espacial do Brasil ainda é subdesenvolvido".

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"Quanto a outras aéreas, o Brasil e os EUA fortaleceram laços na cooperação no campo de tecnologias militares. Por exemplo, o então secretário de Defesa, Jim Mattis, visitou o Brasil em agosto de 2018 e as inteligências do Brasil e dos EUA cooperaram antes dos Jogos Olímpicos no Rio em 2016 para impedir ataque terrorista. Além disso, o Brasil e os EUA têm muito espaço para aumentar comércio bilateral apesar de serem concorrentes em alguns mercados-chave, por exemplo, ambos os países são superpotências agrícolas que vendem soja para a China", disse ele à Sputnik Internacional.

Comentando a visita de Bolsonaro à sede da CIA, Cedê Silva declarou que "só podemos especular sobre o que foi discutido durante visita". Ele acrescentou que "até agora, o Brasil tem uma forte postura de não intervenção na Venezuela e não vejo nenhuma razão para que isso se altere".

"Não há interesse para o Brasil em arriscar seus soldados em prol da mudança de governo na Venezuela. O que é mais concreto é que nosso ministro da Justiça, Sérgio Moro, visitou o FBI e assinou um acordo para a troca mútua de dados biométricos. Então os dois países estão melhorando cooperação no combate ao crime", explicou ele.

Quanto à possível adesão do Brasil à OTAN, o jornalista lembrou que, "o Brasil tem sido convidado a se tornar o que a OTAN chama de ‘parceiros pelo mundo’, um status que inclui países como a Colômbia e o Japão e concede acesso preferencial à compra de equipamento e tecnologia militar dos EUA".

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"O presidente Trump disse que vai falar com 'algumas pessoas' para que o Brasil se torne membro titular da OTAN, mas isso é rebuscado de todos os lados. Mais uma vez, independentemente do resultado, não vejo nenhum potencial para confrontação militar entre as forças do Brasil e Venezuela, porque o Brasil não tem interesse algum em arriscar sangue e riquezas pela mudança do regime na Venezuela", explicou Silva.

Comentando as expectativas dos brasileiros com a visita de Bolsonaro aos EUA, o jornalista disse que eles ficarão felizes se a isenção unilateral de vistos, que Bolsonaro concedeu aos norte-americanos e a cidadãos de alguns outros países, ajudar a atrair turistas e a criar empregos no Brasil.

Quanto às reformas econômicas do governo de Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou recentemente ao Congresso uma reforma da Previdência muito ambiciosa.

"Uma grande vitória que o presidente Bolsonaro trará para casa é o apoio do presidente Trump ao Brasil para se aderir à OCDE, uma antiga ambição brasileira. Em breve o Brasil terá maior lugar à mesa onde várias políticas públicas importantes são discutidas", concluiu ele.

O presidente brasileiro realizou visita oficial de três dias aos EUA. Jair Bolsonaro já assinou alguns acordos que aprofundam a cooperação entre os dois países. Na reunião com homólogo norte-americano na terça-feira (19), foram discutidos assuntos internacionais, entre eles cooperação comercial bilateral, crise da Venezuela, e fortalecimento das relações entre Washington e Brasília.

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