Analistas respondem: o que Kim vai buscar em sua visita a Putin na Rússia?

O líder norte-coreano Kim Jong-un não usará sua esperada visita a Rússia como alavanca nas negociações nucleares com os EUA. Aumentar os laços econômicos com Moscou ao mesmo tempo em que contorna as sanções é igualmente importante para Pyongyang, de acordo com analistas.
Sputnik

Kim pode chegar à Rússia "na primavera ou no verão deste ano", informou o senador russo Aleksandr Bashkin nesta segunda-feira, acrescentando que os detalhes da visita de alto nível estão sendo acordados entre os dois países.

Essa viagem é "bem possível", uma vez que é comentada há pelo menos meio ano, disse Konstantin Asmolov, do Centro de Pesquisa Coreana do Instituto de Estudos do Extremo Oriente (IFES).

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Seu colega pesquisador no centro, Evgeny Kim, destacou que "um líder norte-coreano não esteve no nosso país por um longo tempo, desde 2011", quando Kim Jong-il veio em um trem blindado para negociar com o então presidente russo Dmitry Medvedev.

"Não há problema quando Estados vizinhos não trocam visitas. Este ano, quando as tensões na península coreana estão em declínio, há uma necessidade urgente de discutir as relações bilaterais", avaliou Evgeny Kim à RT.

O analista especulou que a visita provavelmente ocorrerá "em algum momento de maio", devido a abril sendo um mês muito movimentado para Kim Jong-un.

"A sessão da Assembleia Popular Suprema da Coreia do Norte será realizada no próximo mês para votar a nova Comissão de Assuntos de Estado. Kim tem que estar presente no encontro, uma vez que irá reelegê-lo como presidente. Em 15 de abril, é comemorado o aniversário de seu avô, o primeiro líder da Coreia do Norte Kim Il-sung. Ele então terá que formar o governo e participar de outros eventos importantes do Estado", explicou o especialista.

Coordenar os laços econômicos — livre de sanções

As especulações sobre a possível jornada russa de Kim Jong-un se intensificaram depois que seu encontro nuclear com o presidente estadunidense Donald Trump, realizado no final de fevereiro no Vietnã, acabou sendo infrutífero. Mas ambos os analistas insistem que foi mais uma coincidência.

Pyongyang e Moscou têm muito a discutir, "desde a coordenação de medidas conjuntas até o fim da escalada [da península coreana] até algumas formas de cooperação econômica que não se enquadram nas sanções econômicas internacionais contra a Coreia do Norte", ponderou Asmolov.

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Ele ressaltou que a Rússia está fazendo muito pelo acordo coreano, que inclui "consistentemente apoiar a resolução do impasse através de meios diplomáticos; trabalhando com a Coreia do Norte e do Sul; tentando afrouxar o regime de sanções contra Pyongyang".

Evgeny Kim também falou de tais iniciativas de Moscou como "propondo conectar seu sistema ferroviário com as da Coreia do Norte e do Sul, bem como oferecer a colocação de um gasoduto e linha de transmissão para a península para facilitar a aproximação entre os dois países".

"A Coreia do Norte está ansiosa para fazer isso, mas a Coreia do Sul não pode dizer 'sim' porque está ligada a acordos que tem com os EUA", analisou.

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