Mídia: Equador passou mais de um ano se preparando para expulsar Assange da embaixada

O Equador passou mais de um ano organizando a expulsão de Julian Assange da embaixada em Londres, tentando obter garantias do Reino Unido e dos EUA de que depois da extradição o fundador do WikiLeaks não seria condenado à morte, informa o canal de TV ABC, citando autoridades americanas e equatorianas.
Sputnik

De acordo com um funcionário dos EUA, Assange causou "inconveniência significativa" ao pessoal da missão diplomática. "Eles disseram: 'Isso é demais. Como vamos nos livrar desta pessoa?'", oficial americano cita palavras de funcionários da embaixada.

Ao mesmo tempo, é relatado que, apesar de Assange ser um convidado "custoso e desconfortável" na embaixada, o Equador estava disposto a retirar asilo diplomático somente após negociações secretas sobre destino de Assange.

De acordo com a ministra equatoriana do Interior, Maria Paula Roma, o processo de deportação de Assange começou em 7 de março de 2018, quando o Equador enviou a primeira carta de pedido de garantia ao Reino Unido de que Londres não extraditaria o fundador do WikiLeaks para um país onde ele poderia enfrentar pena de morte.

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Seis meses depois, o Equador fez contato direto com os EUA por meio de seu embaixador na Alemanha, Manuel Mahia Dalmau, que solicitou uma "reunião urgente" em Berlim com o embaixador dos EUA na Alemanha, Richard Grennell, um dos "enviados mais próximos" do presidente americano Donald Trump na Europa.

Segundo o canal, sustentar Assange era muito caro para a embaixada equatoriana. Assim, é relatado que desde 2012 o país gastou 10 milhões de dólares, incluindo serviços médicos, jurídicos e necessidades domésticas. Além disso, a estadia de Assange na embaixada obrigou os funcionários da missão diplomática a alugar instalações adicionais, pois ocupava "muito espaço".

O problema com a rápida transferência de Assange para as autoridades britânicas foi que o fundador do WikiLeaks poderia vir a enfrentar pena de morte, que foi combatida pelo lado equatoriano, e, segundo autoridades, Dalmau era inflexível.

De acordo com o canal, após negociações com o seu homólogo equatoriano, Grenell entrou em contato com o Departamento de Justiça dos EUA para obter uma garantia de que a pena de morte não seria imposta, e o vice-procurador-geral Rod Rosenstein concordou com a proposta, tendo o acordo sido apenas verbal.

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Nota-se que o Departamento de Estado e o Departamento de Justiça dos EUA se recusaram a comentar essa informação, mas, de acordo com dados da Justiça norte-americana, entre os vereditos que podem ameaçar Assange, não há pena de morte, o prazo máximo, segundo as autoridades, em seu caso pode ser de até cinco anos.

Assange é conhecido por publicar material confidencial, que engloba operações militares norte-americanas no Afeganistão e no Iraque. Os materiais detalham episódios individuais, incluindo a morte de civis. De acordo com o WikiLeaks, mais da metade dos mortos no Iraque era civil (por volta 66.000 de 109.000). Além disso, Assange publicou materiais sobre as condições de detenção na prisão americana de Guantánamo em Cuba.

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Em 2010, o fundador do WikiLeaks foi acusado na Suécia de ter cometido crimes sexuais, o que ele negou. O tribunal sueco colocou Assange na lista internacional de procurados, o que ocasionou detenção dele em Londres, mas, com pagamento de fiança, veio a ser liberto. Em 2017, a acusação contra Assange na Suécia foi arquivada, mas após ser preso em Londres, a Procuradoria sueca declarou que estava analisando a possibilidade de reabrir a investigação.

Os EUA acusam agora Assange de conspiração e de publicação de documentos oficiais roubados. O Departamento de Justiça dos EUA informou que, caso Assange seja considerado culpado, pode vir a passar até cinco anos na prisão. De acordo com a decisão do tribunal de Londres, os EUA devem entregar ao Reino Unido os documentos sobre a extradição de Assange até 12 de junho.

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