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Especialista diz que Centrão precisa cair na real para aprovar reforma da Previdência

Considerada de importância fundamental pelo governo, a reforma da Previdência enfrentou muitas dificuldades no início de sua tramitação no Congresso. Na noite desta quinta-feira, terminou o prazo para a apresentação de emendas ao texto da proposta, após serem ouvidos representantes de mais de 70 entidades.
Sputnik

Ao todo, a PEC 6/19 recebeu 276 emendas até as 19h de hoje. Mais da metade das sugestões, 162, foram apresentadas nesta quinta-feira. Depois da conferência das assinaturas, elas serão analisadas pelo relator na comissão especial da Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP), que decidirá se vai acatá-las ou não. Ele espera concluir seu relatório até meados do próximo mês.

​"Continuo com o dia 15, mas também concentro esforços para ajudar o presidente da Câmara a cumprir o cronograma que deseja", disse Moreira, citado pela Agência Câmara Notícias. "Posso até adiantar um pouco, é possível que até o final da semana que vem ou no começo da outra o relatório seja entregue."

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A atual proposta tem como objetivo alterar o sistema de Previdência tanto para trabalhadores do setor privado como para os servidores públicos, estipulando regras de transição para os atuais contribuintes, retirando vários dispositivos da Constituição e transferindo a regulamentação para lei complementar. O governo afirma que pretende economizar mais de R$ 1 trilhão, nos próximos dez anos, caso a PEC seja aprovada. No entanto, a mesma é alvo de forte resistência por parte de vários parlamentares e também de setores da sociedade civil. 

A expectativa do governo e de aliados é de aprovar o parecer do relator na primeira quinzena de junho, para que sua apreciação no Plenário da Câmara aconteça ainda no primeiro semestre. Entretanto, especialistas acham possível que o texto não seja votado nesse prazo. 

​De acordo com o cientista político Bolívar Lamounier, existe atualmente uma falta de percepção entre alguns políticos sobre a necessidade de se fazer um movimento convergente, de colaboração, para aprovar a reforma, descrita por ele como indispensável para a retomada do crescimento. Avaliando a importância do chamado Centrão — que chegou a apresentar um projeto alternativo de reforma —  nessa mobilização, o especialista afirma ser muito peculiar pensar no termo em um contexto onde os partidos teriam sido "detonados por sua inércia", pela infantilidade, pela corrupção e pelas condições econômicas ruins, restando apenas um aglomerado de pessoas. 

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"A base do governo sozinha não chega aos 308 votos. É preciso que uma parte considerável do Centrão caia na real, pense que nós estamos caminhando para um abismo, o Brasil está caminhando para um abismo. Nós estamos em uma situação em que nenhum grande investidor interno ou externo vai botar dinheiro em um país como este", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil.

Ainda segundo Lamounier, o governo do presidente Jair Bolsonaro também precisa mudar de postura e fazer sua parte se quiser levar adiante as reformas necessárias para estabilizar o país.

"Nós temos que ter, o mais depressa possível, um governo encorpado, um governo responsável, um governo que entenda a extensão das suas responsabilidades", afirmou o cientista político.

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