Ao todo, a PEC 6/19 recebeu 276 emendas até as 19h de hoje. Mais da metade das sugestões, 162, foram apresentadas nesta quinta-feira. Depois da conferência das assinaturas, elas serão analisadas pelo relator na comissão especial da Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP), que decidirá se vai acatá-las ou não. Ele espera concluir seu relatório até meados do próximo mês.
"Continuo com o dia 15, mas também concentro esforços para ajudar o presidente da Câmara a cumprir o cronograma que deseja", disse Moreira, citado pela Agência Câmara Notícias. "Posso até adiantar um pouco, é possível que até o final da semana que vem ou no começo da outra o relatório seja entregue."
A expectativa do governo e de aliados é de aprovar o parecer do relator na primeira quinzena de junho, para que sua apreciação no Plenário da Câmara aconteça ainda no primeiro semestre. Entretanto, especialistas acham possível que o texto não seja votado nesse prazo.
De acordo com o cientista político Bolívar Lamounier, existe atualmente uma falta de percepção entre alguns políticos sobre a necessidade de se fazer um movimento convergente, de colaboração, para aprovar a reforma, descrita por ele como indispensável para a retomada do crescimento. Avaliando a importância do chamado Centrão — que chegou a apresentar um projeto alternativo de reforma — nessa mobilização, o especialista afirma ser muito peculiar pensar no termo em um contexto onde os partidos teriam sido "detonados por sua inércia", pela infantilidade, pela corrupção e pelas condições econômicas ruins, restando apenas um aglomerado de pessoas.
Ainda segundo Lamounier, o governo do presidente Jair Bolsonaro também precisa mudar de postura e fazer sua parte se quiser levar adiante as reformas necessárias para estabilizar o país.
"Nós temos que ter, o mais depressa possível, um governo encorpado, um governo responsável, um governo que entenda a extensão das suas responsabilidades", afirmou o cientista político.