Surreal: acusado de corrupção, Netanyahu assume o Ministério da Justiça em Israel

A política israelense atingiu um novo nível de absurdo nesta terça-feira, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu - que enfrenta três acusações separadas de corrupção - alocou a pasta da justiça para si mesmo, além de seus outros ministérios.
Sputnik

O movimento deixa Netanyahu, que serviu como premiê de Israel continuamente durante a última década, no controle de quatro ministérios - além do escritório do primeiro-ministro - incluindo Defesa, Saúde, Educação e, agora, Justiça.

A decisão de Netanyahu de manter o portfólio da justiça para si mesmo, efetivamente se imunizando da lei, o deixou aberto a duras críticas, já que ele efetivamente se colocou no comando das próprias autoridades encarregadas de examinar suas próprias supostas impropriedades.

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Três casos criminais tiveram grande repercussão sobre Netanyahu desde fevereiro, quando o Procurador Geral de Justiça de Israel, Avichai Mandelblit, anunciou que indiciaria Netanyahu por suborno, fraude e quebra de confiança sobre suas relações com os magnatas da mídia, que supostamente envolveram favorecimento político.

O cargo de ministro da Justiça sobrou para Netanyahu depois que ele cortou de seu gabinete o ministro da Justiça, Ayelet Shaked, e o ministro da Educação, Naftali Bennett, no domingo, dois parlamentares que não conseguiram retornar ao Parlamento depois que seu novo partido não obteve votos suficientes nas eleições de abril.

Mas a curiosa decisão de Netanyahu de acumular ministérios parece resultar de sua hesitação em nomear um rival religioso para um cargo, precisamente quando ele está sendo criticado por conceder concessões demais a partidos religiosos.

Depois que ele não conseguiu nomear um substituto para Shaked, autoridades judiciais disseram que era impensável para Netanyahu manter o posto para si mesmo. "Netanyahu não pode substituir o ministro da Justiça nem mesmo por um único dia", disseram figuras israelenses não identificadas ao Canal 13 de Israel.

"O primeiro-ministro deve nomear imediatamente um substituto para o Ministério da Justiça", disse o Movimento pelo Governo de Qualidade, um grupo da sociedade civil israelense, chamando Netanyahu de assumir o posto de "um truque político vergonhoso que prejudica a confiança do público no sistema legal".

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"Não é apenas psicótico que ele sirva nem por um segundo como ministro da Justiça - ele deveria ter sido proibido de demitir o ministro da Justiça [anterior] e de contratar um novo ministro da Justiça", escreveu no Twitter o proeminente jornalista independente e ativista anticorrupção Or-ly Barlev.

Depois que Netanyahu não conseguiu formar um governo nas seis semanas que lhe foram atribuídas depois de vencer as eleições de abril, seu partido, o Likud, liderou a dissolução d0o Parlamento, preparando o palco para novas eleições nacionais, a serem realizadas em 17 de setembro.

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