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Ministro da Defesa: cortes no orçamento podem afetar projetos estratégicos do Brasil

O ministro da Defesa do Brasil, general Fernando Azevedo, reconhece que projetos estratégicos da pasta podem sofrer alterações caso os cortes orçamentários anunciados pelo governo sejam mantidos.
Sputnik

As declarações foram feitas depois de uma reunião no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, cidade da região metropolitana de Lisboa, na quarta-feira (11), entre Fernando Azevedo e o ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho.

"Nós temos uma previsão para o próximo ano, do Projeto de Lei Orçamentária, que está sendo encaminhado para o Congresso, que realmente reduz o orçamento, inclusive com relação a esse ano, mas nós estamos buscando soluções, com apoio do Ministério da Economia e do próprio presidente Jair Bolsonaro, em relação a isso", disse Fernando Azevedo em resposta à Sputnik Brasil durante coletiva de imprensa.

No mês de maio, o governo anunciou um corte de 44% no orçamento para a Defesa, que equivale a menos R$ 5,8 bilhões para a pasta.

É o segundo maior, atrás apenas do bloqueio previsto para o Ministério da Educação. "Se mantiver esses patamares previstos inicialmente para o próximo ano, realmente nós vamos readequar o planejamento desses projetos estratégicos", ressaltou Fernando Azevedo.

O ministro acentuou que as Forças Armadas do Brasil, principalmente a Força Aérea, vivem "um momento histórico". A passagem por Lisboa foi o último compromisso da viagem que começou pela Suécia. Na terça-feira (10), na cidade de Linkoping, Fernando Azevedo acompanhou a cerimônia oficial de entrega do primeiro caça Gripen brasileiro pela fabricante Saab.

Ministro da Defesa: cortes no orçamento podem afetar projetos estratégicos do Brasil

O Gripen é um dos projetos estratégicos do Ministério da Defesa. O desenvolvimento do caça é uma parceria da Saab com a Embraer e outras empresas. O Brasil já comprou 36 aeronaves, que ainda estão sendo montadas na Suécia, mas o cronograma prevê que a partir de 2023 o trabalho seja feito inteiramente nas instalações da Embraer.

Só para o projeto do Gripen o corte orçamentário previsto é de 52%, mas nem Suécia nem Brasil temem imprevistos. "Temos um diálogo muito bom com as Forças Armadas brasileiras e, portanto, não estamos preocupados", afirmou Jonas Hjelm, chefe da área de aeronáutica da Saab, em entrevista coletiva depois da cerimônia.

Parceria com Portugal

O encontro entre Fernando Azevedo e o ministro da Defesa português ocorreu três semanas depois da assinatura dos contratos de venda dos KC-390. O governo português vai comprar cinco aeronaves, que são produzidas pela Embraer com peças da fábrica que fica na cidade de Évora, em Portugal.

"Os contratos representam não só a aquisição de um equipamento muito importante e inovador para a Força Aérea portuguesa, mas também representam o início de oportunidades estratégicas para Portugal e o Brasil trabalharem juntos, seja na projeção internacional da aeronave, seja na sua fabricação, porque como sabem parte da aeronave será fabricada também em Portugal", declarou João Gomes Cravinho em coletiva de imprensa depois da reunião.

Os dois ministros ressaltaram que Brasil e Portugal também reforçaram compromissos para cooperação em operações no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Ministro da Defesa: cortes no orçamento podem afetar projetos estratégicos do Brasil

"O Brasil tem um importante e excelente centro de formação para missões de paz das Nações Unidas no Rio de Janeiro, e, portanto, tem uma capacidade muito interessante. Aquilo que nós fizemos foi aprofundar as possibilidades de interação entre nossas missões tradicionais de paz. A ideia é recente e é um processo que ao longo dos próximos tempos, 2020 e 2021, irá desenvolver-se", acentuou o ministro português João Cravinho.

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