O Banco Central divulgou nesta sexta-feira (20) as estatísticas das contas externas brasileiras, constatando que o déficit em transações correntes totalizou 2,2 bilhões milhões de dólares. Este índice no mesmo período do ano passado foi de 1,3 bilhão de dólares.
Ao comentar se a desvalorização do real contribuiu para o resultado da balança, a economista e coordenadora da Graduação em Economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Juliana Inhasz, disse à Sputnik Brasil que "quando a gente percebe o real se desvalorizando frente ao dólar, é quando a gente começa a perceber esses efeitos de déficit se acentuando".
"O que isso significa? Que aquilo que a gente vende pra fora vai pra fora valendo menos, e aquilo que a gente compra entra no Brasil custando mais caro. Então é óbvio que existe sim esse peso, e isso tem que ser considerado.
De acordo com ela, do ponto de vista histórico, o Brasil acumula estes saldos negativos há um bom tempo, tendo vários períodos em que esses saldos em conta corrente são negativos.
"É óbvio que existe um valor maior agora que se acentuou por conta desse efeito do dólar e taxa de câmbio causam agora, mas a gente não pode esquecer que o Brasil já tem esse perfil há muito tempo. Se acentua agora esse movimento, mas o Brasil é historicamente, especialmente nos últimos dois anos um país que apresenta déficits em transações correntes", argumentou.
Efeitos da guerra comercial entre EUA e China
Ao comentar se a guerra comercial entre EUA e China influenciou o resultado da balança comercial brasileira, a economista Juliana Inhazs disse que o Brasil "sofreu um pouco desse impacto, até porque o Brasil ficou um pouco na mira dessa guerra comercial".
"Em alguns momentos de maneira direta, porque o Brasil foi alvo de críticas pelo presidente Donald Trump [...] mas indiretamente a gente ficou no meio dessa guerra comercial, porque o Brasil depende tanto de mercadorias que vêm desses dois países, quanto envia mercadorias pra esses dois países", disse a especialista.
"De uma forma ou de outra, essa guerra comercial, criando uma instabilidade maior dentro das relações comerciais entre EUA e China, acabou tornando o comércio internacional muito mais instável, as incertezas aumentaram", completou.