Das 65 unidades de produção de veículos no país, mais de 30 já anunciaram a suspensão de suas atividades devido à pandemia do novo coronavírus – e a tendência é que esse número aumente com paralisações programadas para os próximos dias.
Na segunda-feira (23), Hyundai, Nissan e Jaguar Land Rover anunciaram a interrupção de suas fábricas. A medida já tinha sido tomada pela líder em vendas de carros, a General Motors (GM), dona da Chevrolet, e por Volkswagen, Ford, Caoa Chery, Mercedes-Benz e Volvo Caminhões.
"A paralisação da produção de todas as marcas no Brasil é uma adequação a uma nova realidade que se faz presente no país, fruto do coronavírus na sociedade. Não existia outra alternativa que não fosse a paralisação de todas as unidades", disse o engenheiro Antônio Jorge Martins, coordenador do curso de MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV.
'Preocupação com a saúde dos funcionários'
Segundo o especialista, a medida foi adotada por uma "conjugação de fatores", que envolvem as questões sanitária e econômica.
Por um lado, "tem a preocupação com a saúde dos funcionários e colaboradores, da própria diretoria, dos executivos envolvidos em todas as instalações industriais", afirmou Martins.
Por outro, o professor da FGV aponta que a produção precisa ser racionalizada pois as vendas diminuíram.
"Na medida em que o próprio governo brasileiro e a Organização Mundial da Saúde orientam os países a incentivar a população a ficar em casa, de uma forma geral se reduz todos os movimentos existentes para se adquirir veículos novos e até mesmo usados", ponderou.
'Ociosidade nas fábricas'
Para Martins, o confinamento "faz com que haja uma ociosidade muito grandes nas fábricas, concessionárias e empresas reparadoras de veículos". Por isso, "como não existe a menor possibilidade de aquisição de veículos", o ideal é "guardar as horas existentes para um futuro momento, onde possa se esperar um reaquecimento das vendas".
Em relação à desvalorização do real, que pode encarecer os veículos, o especialista disse que existiria maneira de contornar o problema incentivando as vendas para o mercado externo. No entanto, com a crise global, a demanda está afetada de forma global.
"A única forma que as empresas têm de fazer frente aos prejuízos decorrente da politica de desvalorização, quando os custos ficam maiores, é otimizar esforços a favor das exportações de veículos", argumentou.
Bolsonaro defende fim do confinamento
Embora governos estaduais, prefeituras, profissionais da área médica e o Ministério da Saúde tenham reforçado pedidos de quarentena, inclusive com medidas restritivas à circulação e ao comércio, o presidente Jair Bolsonaro defendeu em pronunciamento feito na terça-feira (24) o fim do confinamento para estimular a economia.
Na manhã desta quarta-feira (25), ele reiterou que a população deve retornar para suas atividades normais, argumentando que apenas idosos e pessoas com problemas de saúde devem se isolar.