Se Biden se amparar nos 'fracassos' de Trump, EUA terão ainda mais fiascos, diz chanceler iraniano

Chanceler persa disse que o Irã está pronto para discutir a volta ao acordo nuclear, estabelecido em 2015 e rompido unilateralmente pelos EUA em 2018, mas Washington "precisa remover as sanções".
Sputnik

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, afirmou que os EUA devem remover as sanções que atualmente impedem a cooperação de Teerã com países estrangeiros e retornar ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) se realmente quiserem descontinuar as políticas do ex-presidente Donald Trump.

"Foram os EUA que saíram do acordo, foram os EUA que violaram o acordo, foram os EUA que puniram qualquer país que mantivesse o respeito e cumprisse o acordo. Portanto, cabe aos EUA retornar ao acordo, para implementar suas obrigações", comentou o chanceler persa em entrevista à emissora CNN no domingo (7).

O presidente dos EUA, Joe Biden, por sua vez, sinalizou, também no domingo (7), durante uma entrevista à emissora CBS, que só vai suspender as sanções depois que o Irã interromper o enriquecimento de urânio além dos limites estabelecidos no acordo nuclear de 2015.

Se Biden se amparar nos 'fracassos' de Trump, EUA terão ainda mais fiascos, diz chanceler iraniano
"O Irã reduziu alguns de seus compromissos em linha com o acordo [nuclear]. A forma para voltar ao cumprimento total por parte do Irã é os EUA, que abandonaram totalmente o acordo, voltarem", explicou Zarif à CNN.

O chanceler persa enfatizou que a administração Biden precisa decidir se os EUA querem se afastar das políticas do ex-presidente norte-americano ou se basear nos "fracassos" de Trump, o que inevitavelmente levará a mais fracassos por parte de Washington.

Questionado se o Irã queria alguma compensação dos EUA, Zarif esclareceu que os EUA "precisam remover as sanções e compensação nunca foi uma pré-condição", acrescentando que o Irã está pronto para discutir a questão apenas quando os EUA voltarem a negociar.

No domingo (7), o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que os EUA não têm o direito de impor condições a Teerã quanto ao acordo nuclear. Khamenei enfatizou também que os EUA devem cancelar as sanções "não no papel ou em palavras, mas na realidade".

O JCPOA foi celebrado em 2015, mas não chegou a três anos de existência. Em 2018, a administração Trump anunciou sua saída unilateral do acordo nuclear, alegando violação do documento por parte do Irã, apesar de inspeções internacionais confirmarem que não houve incumprimento. Washington retornou à política de "pressão máxima" contra a nação persa. Isso levou Teerã a aumentar gradualmente a produção de urânio enriquecido.

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