Na tarde de ontem (30), o Departamento de Estado norte-americano divulgou um relatório sobre os direitos humanos em 2020. O texto acusa o governo brasileiro de restringir à liberdade de expressão para jornalistas.
"A Constituição e a lei preveem liberdade de expressão, mas o governo [do Brasil] nem sempre respeita esse direito", diz o documento.
O relatório cita diversos chefes de Estado e faz críticas também a outros países, mas não há uma linha sequer sobre a crise dos direitos humanos nos EUA, em especial após a insurreição do movimento Black Lives Matter.
Sobre a Rússia, o documento aponta que "o governo russo tem como alvo dissidentes políticos e manifestantes pacíficos, enquanto a corrupção oficial continua galopante".
Tive a honra de divulgar o 45º Relatório anual de Direitos Humanos. Isso demonstra que os direitos humanos, a transparência e a responsabilidade estão na vanguarda da política externa dos Estados Unidos. Reconhecemos o trabalho que temos pela frente e esperamos que todas as nações respeitem os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Na parte do documento em que o Brasil é citado, o governo dos Estados Unidos menciona que o presidente Jair Bolsonaro criticou verbalmente, ou pelas redes sociais, a imprensa por 53 vezes.
Ao todo, o documento menciona nominalmente Bolsonaro três vezes: em relação aos ataques à imprensa; pelo decreto assinado por ele para políticas de ensino a crianças com deficiência; e pelas ações adotadas pelo governo federal contra a COVID-19 para as comunidades indígenas. O texto também destaca a violência policial no Brasil.
O Departamento de Estado dos EUA cita, como um exemplo de assédio aos jornalistas praticado por Bolsonaro, o dia em que ele disse a um repórter: "Minha vontade era de encher a sua boca de porrada". O relatório critica, ainda, as agressões a jornalistas que cobrem a pandemia do coronavírus.