Embaixadores da Rússia e dos EUA 'regressam ao trabalho', diz Putin após cúpula com Biden (VÍDEO)

O presidente da Rússia comentou sobre seu encontro com o homólogo norte-americano, Joe Biden, que decorreu hoje (16) em Genebra.
Sputnik

Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse, após conversas com seu homólogo norte-americano Joe Biden, que os embaixadores russo e norte-americano voltam a desempenhar suas funções.

"Quanto ao retorno dos embaixadores aos seus locais de trabalho, respectivamente o embaixador norte-americano em Moscou e o embaixador russo em Washington, concordamos que esta questão foi resolvida. Eles retornam às suas funções permanentes. Quando exatamente (se será amanhã, depois de amanhã) é uma questão puramente técnica", disse Putin na coletiva de imprensa após a cúpula Rússia-EUA em Genebra, Suíça.

Anatoly Antonov, embaixador russo em Washington, e John Sullivan, chefe da missão diplomática norte-americana em Moscou, tinham sido chamados a seus respectivos países para consultas.

Atividade militar perto das fronteiras russas

O presidente da Rússia referiu também que o país conduz exercícios militares em seu território, tal como os EUA, mas não leva seu equipamento para junto das fronteiras dos EUA.

"Quanto aos exercícios: realizamos exercícios em nosso território, assim como os Estados Unidos conduzem muitos exercícios em seu território. Mas não realizamos exercícios levando nosso equipamento e pessoal para próximo das fronteiras nacionais dos Estados Unidos da América", comentou.

"Infelizmente, nossos parceiros norte-americanos estão fazendo isso agora mesmo. Portanto, não é o lado norte-americano que deve se preocupar quanto a essa questão, mas o lado russo."

Na cúpula, a questão da Ucrânia também foi abordada, mas "não posso dizer que em muitos detalhes", sublinhou o presidente da Rússia.

"No que diz respeito à Ucrânia, temos apenas uma obrigação, facilitar a implementação dos acordos de Minsk. Se o lado ucraniano estiver pronto para isso, iremos por esse caminho, sem qualquer dúvida", declarou o líder da Rússia.

Papel da Rússia e dos EUA no mundo

Vladimir Putin lembrou a especial responsabilidade da Rússia e EUA na preservação da estabilidade estratégica mundial.

"Os Estados Unidos e a Federação da Rússia têm uma responsabilidade especial pela estabilidade estratégica no mundo, baseada, mais que não seja, no fato de sermos as duas maiores potências nucleares, tanto pelo número de munições, ogivas e veículos de entrega, quanto pelo nível, qualidade e modernidade das armas nucleares", observou.

"Estamos cientes desta responsabilidade", acrescentou Putin.

Declarações de Biden sobre Putin

Putin disse estar "satisfeito" com as explicações de Biden sobre as anteriores declarações duras que havia feito contra ele.

"Em relação às declarações duras: bem, o que posso dizer, todos nós conhecemos estas declarações. Depois disso, o presidente Biden me telefonou, nos explicamos, fiquei satisfeito com essas explicações, ele propôs um encontro, foi sua iniciativa, [e] nos encontramos", disse ele, depois que em março Biden concordou em entrevista com uma questão de Putin ser ou não um "assassino".

Putin relembra sobre Guantánamo

Comentando as críticas contra Rússia em relação à defesa dos direitos humanos, Putin referiu a ainda existência da prisão de Guantánamo, pertencente aos EUA.

"Sobre os direitos humanos. Vejamos, Guantánamo ainda funciona, não está de acordo com absolutamente nada, nem com as leis internacionais, nem com as leis norte-americanas, com nada. E ainda existe", disse o presidente russo.

Ações de Navalny

O presidente da Rússia também comentou a prisão do blogueiro Aleksei Navalny, condenado por fraude, que violou o prazo original para se apresentar às autoridades da Rússia, dentro do país.

"Ele [Navalny] não apareceu, ignorou a exigência da lei, ele foi colocado na lista de procurados. Sabendo disso, ele veio [para a Rússia]. Eu procedo do fato de [...] ele conscientemente ter ido para ser detido. Ele fez o que queria, então do que podemos falar aqui", disse Putin.

EUA são autores do maior número de ataques cibernéticos, diz Putin

O maior número de ataques cibernéticos no mundo é feito a partir dos EUA, e a Rússia não está na lista dos países de topo nesta questão, afirmou também Putin, citando fontes norte-americanas.

"Agora, a propósito de quem deve assumir quais compromissos. Quero informá-los sobre coisas que são conhecidas, mas não do público em geral [...] Fontes norte-americanas mostram que o maior número de ataques cibernéticos no mundo é proveniente do ciberespaço dos EUA. Em segundo lugar, do Canadá. Depois, há dois países latino-americanos e depois o Reino Unido. A Rússia não aparece nesta lista de países a partir de cujo espaço cibernético é efetuado o maior número de ataques cibernéticos de todo o tipo", disse o líder russo.

Reconhecimento de vacinas

No encontro com Biden, também foi levantada a questão do reconhecimento mútuo das vacinas.

"Abordamos esse tema, mas apenas de passagem", disse Vladimir Putin.

Presença no Ártico

Putin disse igualmente que as preocupações dos EUA sobre a militarização do Ártico não têm qualquer fundamento.

"Não estamos fazendo nada lá que não existisse na União Soviética, estamos restaurando a infraestrutura perdida, que na época tinha sido completamente destruída. A infraestrutura militar, a infraestrutura fronteiriça e aquilo que não existia então, a infraestrutura relacionada à proteção ambiental", respondeu.

"Estamos criando ali uma base para o Ministério para as Situações de Emergência, tendo em mente a possibilidade de ter que se resgatar pessoas no mar, se chegarmos a isso, Deus queira que não", disse Putin na coletiva de imprensa.

Possível troca de prisoneiros

Sobre uma eventual troca de pessoas condenadas, o presidente russo referiu que, nesta questão, também podem ser alcançados compromissos.

"Falamos sobre isso. O presidente Biden levantou esta questão em relação aos cidadãos americanos presos na Federação da Rússia. Discutimos isso. Podem ser alcançados certos compromissos aí", revelou Putin.

Mídia russa

Vladimir Putin referiu que Biden lhe falou sobre o status da Radio Free Europe/Radio Liberty, que foi denominada agente estrangeiro na Rússia.

"Tenho a impressão de que os membros da delegação norte-americana não sabiam que antes disso (temos apenas dois veículos de imprensa que trabalham para um público estrangeiro, Russia Today e Sputnik) o lado norte-americano os declarou agentes estrangeiros em seu país e os retirou de acreditação. E […] o que fizemos, fizemos em resposta."

Acerca da mídia russa, o canal RT atende a todas as exigências do regulador dos EUA, ressalta Vladimir Putin.

"A Russia Today atende a todas as exigências do regulador norte-americano e da lei, está lá registrada em conformidade com isso, etc.,etc.. Embora criem muitos problemas com a contratação de pessoal, com as operações financeiras etc. Nós não temos tais problemas. Nós nos explicamos a esse respeito", disse Putin.
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