Os vikings chegaram ao arquipélago dos Açores antes dos portugueses, que desembarcaram nas ilhas em 1427, aponta estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Durante o séc. VIII as condições dos ventos e do tempo teriam facilitado as expedições desde regiões de maiores latitudes, e as dificultaram no caso das pessoas vivendo em menores latitudes, escreveu no domingo (31) o jornal The Guardian.
"[...] Os nórdicos eram provavelmente os colonos mais antigos nas ilhas", comentam os autores da pesquisa.
Os pesquisadores estudaram sedimentos lacustres datados entre os anos 700 e 850 das atuais ilhas portuguesas, que se situam ao meio do oceano Atlântico. Lá eles descobriram altas quantidades de compostos orgânicos encontrados em fezes de vacas e ovelhas e também grandes níveis de carvão vegetal. Além disso, havia pouco pólen de árvores nativas, sugerindo que os exploradores as queimavam de forma a libertar terra para o gado.
Arquipélago dos Açores (imagem referencial)
© Foto / Pixabay / Comanche0
"As nossas reconstruções oferecem evidências não ambíguas para a colonização pré-portuguesa dos Açores", disse a equipe de cientistas liderada por Pedro Raposeiro, da Universidade dos Açores, Portugal.
The Guardian também citou uma pesquisa de Jeremy Searle, biólogo evolutivo da Universidade de Cornell, Nova York, EUA, que afirma igualmente que os vikings estiveram nos Açores séculos antes dos portugueses.
"Ratos entram à socapa a bordo dos navios e são levados à volta do mundo por humanos. Onde você encontra humanos, você encontra ratos, e se você consegue perceber de onde esses ratos vêm, você pode entender onde humanos tiveram suas casas originais", relatou ele ao jornal.
Segundo Searle, as diferentes populações de camundongo têm diferentes DNA mitocondriais, ou assinaturas genéticas, dependendo de sua localização. Sua equipe encontrou previamente evidências de "ratos vikings" na Islândia e Groenlândia, dois outros locais colonizados por eles. Por sua vez, a equipe dele encontrou muito poucas evidências genéticas de ratos de Portugal nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, corroborando a nova descoberta.