O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em viagem oficial pelos países do Sudeste Asiático, chamou a atenção da China por suas "ações agressivas" em toda a Ásia, argumentando que as nações da região desejam que o "comportamento mude".
"É por isso que há tanta preocupação desde o Nordeste Asiático até o Sudeste Asiático, desde o rio Mekong até as ilhas do Pacífico, sobre as ações agressivas de Pequim", disse o secretáriodurante discurso em Jacarta.
"Reivindicando mares abertos como seus [...] Distorcendo mercados abertos por meio de subsídios a empresas estatais [...] Negando exportações ou revogando acordos com políticas de um país com as quais não concorda [...] Envolvendo-se na pesca ilegal e outras atividades. Países da região querem que este comportamento mude. Nós também", acrescentou.
O discurso do principal diplomata dos EUA procurou sublinhar a política da administração de Joe Biden em relação à região do Indo-Pacífico.
"É por isso que estamos determinados a garantir a liberdade de navegação no mar do Sul da China, onde as ações de Pequim ameaçam o movimento do comércio no valor de US$ 3 trilhões [cerca de R$ 17 trilhões] todos os anos", afirmou.
"Vale a pena lembrar que associado a esses braços colossais [referindo-se à abrangência das ações chinesas] está o sustento real de milhões de pessoas em todo o mundo", avaliou.
Blinken afirmou em seu discurso que o "objetivo" de garantir uma "ordem baseada em regras" e "liberdade de navegação" nas águas da Ásia-Pacífico não tinha o objetivo de prejudicar nenhum país.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à esquerda, e a ministra das Relações Exteriores da Indonésia, Retno Marsudi, assinam um Memorando de Entendimento no Edifício Pancasila, em Jacarta, terça-feira, 14 de dezembro de 2021
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"Não é uma competição entre uma região centrada nos EUA e uma região centrada na China."
Durante seu discurso, Blinken destacou que a "visão" de Washington para a região estava centrada em "cinco elementos centrais".
"Primeiro, vamos promover um Indo-Pacífico livre e aberto, no qual os problemas serão tratados abertamente, as regras serão alcançadas de forma transparente e aplicadas de forma justa, bens e ideias e pessoas fluirão livremente – através da terra, ciberespaço e mares abertos – com uma governança transparente e responsiva ao povo", disse o secretário de Estado dos EUA.
Blinken enfatizou que forjar conexões mais estreitas com outros países da região, promover "prosperidade de base ampla", construir um "Indo-Pacífico mais resiliente" e reforçar a segurança na área foram outros componentes-chave da política da administração Biden para o Indo-Pacífico.
Blinken destacou a ajuda dos EUA para atender às necessidades regionais de vacinas e apontou o financiamento de infraestrutura que está sendo oferecido por Washington, enquanto o secretário de Estado dos EUA listou algumas das medidas tomadas pelo país norte-americano para promover "resiliência" e "prosperidade de base ampla" entre os países da região.
"Das 300 milhões de doses de vacinas seguras e eficazes que os Estados Unidos distribuíram em todo o mundo, enviamos mais de 100 milhões de doses para o Indo-Pacífico", afirmou Blinken.
"Vamos aprofundar nossas alianças de tratados com Austrália, Japão, República da Coreia, Filipinas e Tailândia. Vamos promover uma maior cooperação entre esses aliados e buscaremos formas de unir nossos aliados com nossos parceiros, como fizemos com o Quad", disse ele, referindo-se a um agrupamento de quatro nações que compreende Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.
"Vamos entregar a infraestrutura de qualidade e alto padrão que a região busca. Build Back Better World [iniciativa afirmativa para atender as necessidades de infraestrutura de países em desenvolvimento], que lançamos ao lado de parceiros do G7 em junho, tem o compromisso de mobilizar centenas de bilhões de dólares em financiamentos transparentes e sustentáveis nos próximos anos", disse o principal diplomata dos Estados Unidos.
Blinken também elogiou a aliança de segurança trilateral AUKUS entre Washington, Canberra e Londres por promover "paz e estabilidade" no Indo-Pacífico, argumentando que o agrupamento era um dos "principais exemplos" de como os EUA gostariam de construir laços mais profundos na região com seus aliados e parceiros para garantir a segurança.
A China vê com desconforto agrupamentos como o Quad e o AUKUS, ambos mencionados por Blinken em seu discurso.