A Rússia está 100% pronta para usar a força se o Ocidente
ultrapassar as "linhas vermelhas" definidas por Moscou, afirmou na segunda-feira (20) Dmitry Kiselev, diretor-geral da agência de notícias Rossiya Segodnya,
em entrevista à emissora BBC.
Steve Rosenberg, entrevistador da BBC, questionou a razão de as "ex-repúblicas soviéticas" como Cazaquistão, Azerbaijão e Moldávia serem impedidas de ter algum tipo de relação com a OTAN.
"Os países tiveram ou não tiveram a sorte de estar situados ao lado da Rússia, mas é esta a realidade histórica, eles não vão a lado nenhum [...] Também podemos dizer que o México teve ou não teve sorte de estar situado ao lado dos EUA [...] Mas seria bom, mesmo assim, harmonizar interesses e não colocar a Rússia em uma situação em que o tempo de voo até ela é de quatro minutos", observou Kiselev.
Kiselev afirmou que o Ocidente não deve criar ameaças para evitar o começo de uma guerra atômica, e advertiu contra a repetição de uma Crise do Caribe.
Na opinião do diretor-geral da agência de notícias Rossiya Segodnya, isso seria uma escolha do Ocidente, porque a Rússia não quer isso.
Em 7 de dezembro, Vladimir Putin e Joe Biden, presidentes da Rússia e dos EUA, respetivamente, realizaram uma conversa virtual, durante a qual Biden demonstrou preocupação sobre a situação em torno da Ucrânia e exortou a uma solução diplomática, indicou a Casa Branca.
Putin, por sua vez, disse ao presidente norte-americano que a Ucrânia não está cumprindo os Acordos de Minsk para avançar a paz na região e está sabotando os acordos, ao mesmo tempo que a OTAN faz tentativas perigosas de
construir infraestruturas militares no país e aumentar a militarização junto das fronteiras da Rússia. O presidente russo explicou que as "linhas vermelhas" são a continuação do avanço da OTAN para o leste e o destacamento de armamentos ofensivos na Ucrânia.
Na sexta-feira (17) o Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou um projeto de acordo entre a Rússia, os EUA e a OTAN sobre as garantias de segurança mútuas, que já foi entregue a Washington e seus aliados. Uma das disposições inclui a garantia de não-alargamento da Aliança Atlântica para leste de seus atuais Estados-membros.
Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores russo, observou que se o Ocidente não responder rapidamente a estas exigências, a Rússia será obrigada a
dar "uma resposta técnico-militar".