A Rússia tem a culpa pelos altos preços energéticos no Reino Unido e na União Europeia, afirmou o jornal The Telegraph.
De acordo com o The Telegraph, "uma forte queda nas importações europeias da Rússia" é o fator principal atrás do "aprofundamento da crise nacional" sentida pelo Reino Unido devido aos preços de energia, supostamente devido a Moscou impedir deliberadamente um fornecimento adicional, para fins geopolíticos ou econômicos.
O jornal nota no seu artigo de quarta-feira (22) que, embora o Reino Unido não importe muito gás diretamente da Rússia, ele o compra da Europa, que depende do fluxo de gás natural liquefeito (GNL) da Rússia, que corresponde a 40% de suas necessidades.
O The Telegraph citou uma análise recente do Instituto de Energia de Oxford, que calculou que o fornecimento de gás russo à Europa caiu 21% no período de janeiro a novembro de 2021 em comparação com o período homólogo de 2019, sendo a queda de 33% se forem comparados os meses de dezembro de 2019 e de 2021.
Não ficou claro por que razão o instituto escolheu 2019 como ponto de comparação, pois a situação econômica e consequente demanda de abastecimento eram muito diferentes durante o período pré-pandêmico. A empresa estatal gás russa Gazprom referiu recentemente que transportou 15% mais GNL a clientes europeus nos primeiros nove meses de 2021 que durante o mesmo período de 2020.
Um segundo artigo, publicado na quinta-feira (23) pelo The Telegraph, e intitulado "Quando Putin Ligará as Torneiras? Europa Enfrenta Inverno Sombrio e Preços de Gás 'Astronômicos'", também culpa Moscou pelas "oscilações de mercado selvagens" dos preços do gás, e sugeriu que as reduzidas exportações transitando pela Ucrânia podem ser "uma tática de pressão geopolítica por Vladimir Putin".
Gazprom responde
A Gazprom rechaçou acusações de que está fornecendo quantidades insuficientes de gás.
"Todas as acusações contra a Rússia e a Gazprom de que damos pouco gás ao mercado europeu são completamente infundadas, inaceitáveis, não correspondentes à realidade. Para dizer simplesmente, mentiras e falsidades", comunicou no sábado (25) Sergei Kuprianov, representante oficial da empresa, ao canal Rossiya 1.
"Todos os problemas cria a própria Europa Ocidental, e não é necessário culpar nisto a Gazprom. É melhor se olhar ao espelho", acrescentou.
Kuprianov indicou o que disse ser a razão da falta de entrega dos volumes necessários.
"Vários de nossos clientes, particularmente da França e Alemanha, já escolheram completamente seus volumes anuais contratados, e, por isso, já não estão mais concorrendo a fornecimentos de gás, enquanto a Gazprom está reservando capacidade de transporte com base nas ofertas disponíveis, e não o contrário".
"A Gazprom está pronta, tanto antes como agora, a fornecer volumes adicionais de gás sob os atuais contratos de longo prazo, e o preço desse transporte é significativamente mais baixo que no local", comentou o representante da Gazprom.
Moscou refere razões para alta de preços energéticos
Putin tem igualmente desvalorizado afirmações por parte da União Europeia (UE) e dos EUA que a Rússia está limitando o fornecimento de gás aos países europeus, referindo a mudança por seus legisladores para a política de contratos de gás de curto prazo, a dependência do continente de fontes verdes de energia e a competição pelo gás com a Ásia como razões para o rápido aumento dos preços energéticos na Europa no último meio ano.
O presidente russo referiu não entender por que razão os depósitos subterrâneos de gás no continente não foram enchidos durante o verão e outono europeus. Nas declarações de sábado (25) Kuprianov também mencionou que o uso das baixas reservas de gás da Alemanha, para as fornecer à Polônia e provavelmente também Ucrânia, são pouco sensatas, devido a já terem sido usadas em 47%, e por causa de preços maiores que os garantidos pela Gazprom.
O Kremlin também rejeita acusações de que Moscou baixou o fluxo de gás à Europa para acelerar a certificação do Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), respondendo que foram colocados inúmeros entraves à entrada em funcionamento do gasoduto russo desde que sua construção começou em 2018, desde sanções a ameaças de corte do projeto.
O processo foi suspenso devido à decisão do regulador de que a operadora do gasoduto, a empresa Nord Stream 2 AG da Suécia, deve criar uma filial na Alemanha e solicitar um novo pedido de certificação como operadora em seu nome, conforme a legislação europeia. Após a aprovação deste pedido, o regulador promete reiniciar o processo, mas, segundo relatos, isso pode levar vários meses.