O pedido do presidente ocorre após denúncia da inspetora da Agência Federal de Inteligência (AFI) Cristina Caamaño contra funcionários do governo Macri. Ela teve acesso a vídeos de reuniões do então ministro do Trabalho de Buenos Aires, Marcelo Villegas, nas quais ele tratava de ações contra dirigentes sindicais.
A Justiça Federal está investigando uma denúncia que ordenei à Agência Federal de Inteligência [AFI] contra as ações do governo anterior que promoveram a espionagem ilegal e vários processos judiciais contra sindicalistas e opositores.
Fernández disse que, no início de seu mandato, denunciou a existência de mais de 100 celulares criptografados fornecidos pela AFI, que incluía os de funcionários públicos e da Justiça e aliados políticos e comerciais do então partido no poder, Cambiemos.
Segundo ele, alguns dos celulares pertenciam a ex-governadora da província de Buenos Aires Maria Eugenia Vidal, ao procurador Julio Conte Grand, ao ex-presidente do clube de futebol Boca Juniors Daniel Angelici, ao ex-ministro da Justiça de Buenos Aires Gustavo Ferrari, ao empresário Nicolás Caputo e ao ex-procurador-geral Martín Ocampo.
"Por que esses telefones estavam criptografados? Que segredos os oficiais judiciais e os políticos preservavam com os empresários? Que conversa secreta um empresário do esporte que se transformou em operador judicial teve com oficiais políticos, promotores ou juízes?", indagou o presidente argentino.
Para Fernández, estas questões requerem uma resposta, pois "o uso do serviço de inteligência do Estado de direito para realizar espionagem interna e promover processos criminais é definitivamente repugnante e, portanto, inadmissível".
O presidente ressaltou "o dever de pôr o serviço de inteligência a favor dos interesses nacionais" para "acabar com os hábitos ilegais da inteligência 'macrista' e reavaliar o Estado de direito e a convivência democrática".
Na Argentina, há outra investigação de suposta espionagem durante o governo Macri em curso na Justiça Federal de Dolores, na província de Buenos Aires.
Neste caso, o ex-presidente virou réu por espionagem ilegal a parentes da tripulação do submarino ARA San Juan, da Marinha argentina, que afundou em 2017.