Os comentários de Snowen aconteceram logo após a imprensa dos EUA ter informado nesta sexta-feira (21) que as investigações da CIA sobre a síndrome de Havana não encontraram evidências de uma conspiração global.
Nos últimos anos, a síndrome de Havana, doença que acometeu alguns diplomatas norte-americanos, foi tratada nos EUA como uma campanha global coordenada por um Estado estrangeiro.
A suposta campanha foi, inclusive, endossa em declarações anteriores de funcionários dos EUA, sendo que alguns ainda enfatizaram que a Rússia poderia estar por trás disso.
Em uma publicação em suas redes sociais, Edward Snowden criticou a cobertura da mídia norte-americana sobre o tema.
Ele sugeriu que os autores de "36.000 peças furiosas" que exaltavam o tema deveriam fazer uma pausa e refletir sobre como seu trabalho afetou o discurso em torno do problema.
Snowden, em suas publicações, fez ainda referência ao filme de Stanley Kubrick, "Dr. Strangelove", comparando uma reportagem do Washington Post com o general Ripper do filme, um personagem marcado por suas paranoias.
Em "Dr. Strangelove", o general justifica ataques nucleares arbitrários à URSS pela necessidade de frustrar "a conspiração comunista internacional para minar e purificar todos os preciosos fluidos corporais [do povo norte-americano]".
A síndrome de Havana, que inclui náuseas, dores de cabeça e danos cerebrais após ouvir sons penetrantes, recebeu o nome da capital cubana porque os diplomatas dos EUA foram os primeiros a relatar os sintomas.
Embora a causa exata permaneça desconhecida, as teorias expressas por funcionários e especialistas dos EUA variaram de sons emitidos por grilos a uma arma sofisticada.
A última teoria dominou a narrativa das autoridades dos EUA desde que a síndrome foi relatada pela primeira vez em 2018, com a Rússia sendo apontada como principal suspeita, apesar da falta de evidências.
Moscou negou repetidamente seu envolvimento em qualquer campanha para prejudicar os diplomatas norte-americanos.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Washington, em 5 de novembro de 2021, comenta a investigação sobre os casos da chamada síndrome de Havana. Foto de arquivo
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