O ex-presidente da Bolívia Evo Morales assegura que, no âmbito das eleições gerais de 2020 no país, foi elaborado um plano que envolvia as forças de segurança para criar uma convulsão social e conseguir a suspensão dessas eleições.
Neste domingo (30), no programa de rádio Voces de Libertad (Vozes da Liberdade), Morales destacou que seus adversários políticos queriam provocar uma intervenção estrangeira usando os camponeses da área cocaleira do Trópico de Cochabamba como isca. O departamento de Cochabamba foi um dos principais focos dos protestos contra o adiamento das eleições, que estavam marcadas para 6 de setembro e foram adiadas para 18 de outubro.
"A polícia tinha que se disfarçar de cocaleiros [plantadores de coca] ou de camponeses para atirar no Exército e poder culpar o movimento camponês do Trópico e assim justificar uma intervenção militar estrangeira, suspendendo com isso as eleições", disse o ex-presidente.
No início de 2020, militares das Forças Armadas da Bolívia entraram na região do Chapare, no Trópico de Cochabamba, escoltados por três veículos blindados do tipo tanque leve, para supostamente realizar atividades de socorro e práticas de paraquedismo.
Naquela época, Morales havia denunciado que na realidade era um plano do governo "de facto" da Bolívia para militarização e erradicação forçada naquela área e que os militares se preparavam para reprimir seus habitantes. Os cocaleiros rejeitaram a presença militar e a chamaram de "ato de provocação, insulto e intimidação".