O presidente da Colômbia, Iván Duque, disse nesta sexta-feira (4) que vai falar com a representação diplomática da Rússia em seu país, após as acusações feitas pelo ministro da Defesa colombiano, Diego Molano, contra Moscou e a resposta da legação russa.
"Sem dúvida, acredito que teremos a oportunidade de conversar com a representação diplomática da Rússia na Colômbia para entender um pouco sobre a assistência militar que está sendo prestada na Venezuela, e o porquê da presença de alguns equipamentos que eles têm no país", disse Duque em declarações à imprensa, após um ato de entrega de vacinas pela Espanha.
Na quinta-feira (3), Molano afirmou, sem apresentar nenhuma prova, que havia "interferência estrangeira na fronteira" por parte de Rússia e Irã.
Aparentemente, o ministro colombiano aludiu ao destacamento que o Exército venezuelano empreendeu na fronteira com a Colômbia para reforçar a segurança, tendo em vista a escalada violenta que se desencadeou desde o início de janeiro no departamento colombiano de Arauca, onde pelo menos 34 morreram, mais de 1.000 foram deslocadas e centenas de famílias já atravessaram o território venezuelano, fugindo dos confrontos entre grupos irregulares que operam naquela área.
Para elucidar as duras observações do ministro da Defesa, Duque defendeu hoje a manutenção do "espírito franco" e do "nível adequado de diálogo diplomático" com a Rússia, depois de antecipar que o objetivo de uma eventual conversa seria "entender qual o alcance e objetivo" de cooperação na Venezuela.
Segundo Duque, seu país tem "algumas preocupações", que ele também buscaria abordar com a representação russa, sobre "o regime ditatorial na Venezuela". Como de costume, o presidente voltou a acusar Caracas de dar proteção a "grupos terroristas colombianos", sem oferecer nenhuma prova dessas acusações, assegurando que em território venezuelano existem guerrilheiros conhecidos pelos pseudónimos de "Pablito", "António García", "Jhon Mechas" e "Iván Márquez".
No início do mês passado, Bogotá acusou Caracas de "proteger" os líderes dos grupos armados colombianos em seu território, uma questão que foi categoricamente negada pela Venezuela. A posição do governo do presidente Nicolás Maduro é que essas declarações são uma estratégia de propaganda do governo Duque para não assumir a responsabilidade pela violência em seu território, culpando Caracas.
Acusação sem provas
Mais cedo, a Embaixada da Rússia na Colômbia emitiu um comunicado no qual chamou as declarações de Molano de "irresponsáveis".
No texto, eles dizem que são "tentativas contínuas de acusar sem fundamento a Federação da Rússia de suposta interferência nos assuntos internos da Colômbia".
Da mesma forma, a Embaixada comenta que Molano cita, "mais uma vez", alguns "dados de inteligência" sem qualquer verificação, em sua "busca incansável por inimigos fictícios".
Na tarde de ontem, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, respondeu com um tweet para descartar o teor das acusações de seu colega colombiano: "A Colômbia, país que a oligarquia de Bogotá transformou em apêndice do Comando Sul em nossa América, em sede de bases militares norte-americanas, em objeto do medíocre "Plano Colômbia", em parceiro global da OTAN, denuncia a interferência na Venezuela... Meu Deus!", escreveu.