Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, rejeitou culpar a Aliança Atlântica pelo que se tem passado na Ucrânia no Fórum de Diplomacia de Antália, Turquia.
Ele foi questionado na sexta-feira (11) por uma jornalista britânica, que perguntou se as políticas de longa data da OTAN não contribuíram para a escalada do conflito em torno da Ucrânia.
"Muitas pessoas argumentariam com a chamada 'política de portas abertas', trazendo mais e mais países do Leste Europeu, que os russos têm tido como linha vermelha há muito tempo, precedendo o presidente [russo Vladimir] Putin", referiu Ghida Fakhry.
"Você chama isso de 'sua guerra', mas nós sabemos, isso tem sido bem documentado, [que] funcionários sêniores e outros disseram que a Rússia tem [dito] [...] que a Ucrânia e a Geórgia se juntarem à OTAN, era suposto ser uma grande questão, que isso poderia levar a esta grande conflagração, e aqui estamos nós. Você não aceita parte da culpa, de fato, uma grande parte da culpa?"
Em resposta, Stoltenberg expôs seu ponto de vista justificando as ações da Aliança Atlântica.
"Não, de todo. Só a ideia de que isso é provocativo, que certas nações fazem o que quiserem, apenas demonstra a completamente errada visão do mundo que isso reflete", afirmou.
"Esta ideia de que as grandes potências podem decidir o que seus vizinhos podem fazer, e que se fizerem algo de que não gostam, é uma provocação, sabe, esse não é um mundo em que eu quero viver", opinou o secretário-geral da OTAN citando o exemplo da Noruega, que entrou na aliança como Estado-membro fundador em 1949, com essa ação sendo caraterizada de "provocação" pela URSS.
Segundo Jens Stoltenberg, não é a OTAN que se está expandindo para leste, mas sim novos membros que adotam "decisões democráticas livres reais, tomaram suas decisões e decidiram seu caminho", e que esse processo tem sido um "grande sucesso".
Ao longo dos anos têm sido discutidas as negociações realizadas por representantes ocidentais com seus homólogos soviéticos no período a seguir ao final da Guerra Fria, com destaque para James Baker, então secretário de Estado dos EUA, que prometeu em 1990 a Gorbachev que o bloco militar não se expandiria mais para leste se a Alemanha se reunificasse, apesar de 14 membros se juntarem à OTAN desde então.
A Rússia tem protestado contra a expansão da OTAN desde os anos 1990, considerando que a presença militar do bloco junto de suas fronteiras constitui uma ameaça direta ao país. Vladimir Putin, presidente da Rússia, reconheceu que Mikhail Gorbachev, ex-líder da URSS entre os anos de 1985 e 1991, cometeu um erro ao não converter as negociações sobre a expansão da OTAN em um acordo escrito.