A Rússia está surpreendida com a forma como os países ocidentais estão
alimentando uma "russofobia das cavernas", apesar de eles deverem entender a perniciosidade de tais ações, segundo Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo.
"A única coisa que nos surpreendeu na atual etapa foi o surto sem precedentes, diria até explosão de 'russofobia das cavernas', que despertou em praticamente todos os países ocidentais, e a qual os líderes desses países estão ativamente encorajando e alimentando", continuou Lavrov em uma entrevista.
O alto responsável russo crê que na União Europeia há líderes sensatos que veem a
perniciosidade de fomentar este tipo de russofobia.
"Isso [a russofobia], claro, me impressionou, porque mostrou a natureza dessa russofobia das cavernas, que já existia há muito tempo, porque é impossível despertar esse tipo de sentimentos assim, em um só dia. Isso significa que eles eram cuidadosamente escondidos, e nós, claro, tiraremos disso as conclusões apropriadas", sublinhou Sergei Lavrov.
Apesar disso, o ministro das Relações Exteriores da Rússia pensa que a OTAN está começando a ouvir a Rússia no que toca às suas questões de segurança.
"Temos razões para acreditar que agora nossas preocupações mais sérias, que dizem respeito diretamente a nossos interesses legítimos fundamentais, estão sendo ouvidas, estão começando a ser compreendidas."
De acordo com Lavrov, o Ocidente "nesse caso influenciará também o regime de Kiev".
No que toca às negociações entre os lados russo e ucraniano para atingir um cessar-fogo, o chanceler da Rússia expressou disponibilidade para serem realizadas em Belgrado, Sérvia.
Ele também acusou os ucranianos de apenas estarem fazendo de conta que estão procurando um cessar-fogo, lembrando os Acordos de Minsk, a seguir aos quais "afirmaram que não os cumpririam".
Sobre um possível encontro entre Vladimir Putin e Vladimir Zelensky, presidentes da Rússia e da Ucrânia, respetivamente, o ministro russo indicou a necessidade de resolver primeiro todas as questões relacionadas ao destino de Donbass, à desmilitarização e à desnazificação da Ucrânia.
"O encontro [de Putin e Zelensky] é necessário,
assim que tivermos clareza sobre a resolução de todas estas questões-chave. Temos chamado a atenção para estes problemas há muitos anos. O Ocidente não nos ouvia, agora ouviram. Isso já é alguma coisa", destacou o ministro russo.
Na sua opinião, "há chance de chegar a um acordo, porque há um entendimento sobre os graves erros cometidos durante muitos anos pelos nossos parceiros ocidentais, esse entendimento agora existe, embora, por razões óbvias, eles dificilmente dirão isso em voz alta".